terça-feira, 23 de março de 2010


20 de dezembro

Querido, José, meu irmão

É com tanta saudade que te escrevo que meu peito apertado parece passarinho de asa machucada. Não sei se você chegará a ler esta carta, tanta coisa em mente, que talvez o caminho dela seja outro. chegue às mãos de sua esposa antes. E você sabe o quanto ela me odeia, e põem ódios no nosso amor fraternal. Hoje, Neste dia, tomei algumas decisões importantes para minha vida futura. Tive medo. Você sabe minha maior fraqueza é estar só. Mas é minha única chance de ser pra mim algo suficiente para me olhar no espelho. Porque de tão fraca me faço o que dos outros querem. Então a solidão me deixa com possibilidades de decidir sobre minha vida. Acertar e errar. Ontem fui ao médico. Levarei meu amor maior para fazer sessões de terapia, creio que com essa decisão minha vida irá mudar, ele se acalmará, me disse o médico, que, aliás, com só a sua presença me fez bem. Sinto falta das nossas conversas e da raiva que sentia quando você deixava-me de vendas nos olhos pra encontrar as saídas do quarto. E sumia, sem mais, e me dava a chance de por mim mesma sair. .eu sei, era só uma brincadeira, mas te digo agora choro, quando te escrevo, e tenho estas lembranças, e transbordo de entendimento, porque você foi à única pessoa que confiou em mim. Tenho ainda aqueles pensamentos vazios. Em que nada surge. Em geral os tenho na cozinha, na hora do preparo da comida, e fico preocupada porque o alimento já vem assim, predestinado, energeticamente, [à] essa sensação de morte. e de ser impossível um dia alguém me amar.
Amanhã te escrevo mais, o médico me disse para evitar coisas que me entristecem. E a lembrança de momentos felizes, de pura felicidade, me deixa triste.
Um beijo terno

Sueli.

Um comentário:

  1. soltar as palavras e não reprimi-las num escrito ou talvez desenhá-las ...
    Caio S.

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eu não sonhei, sonhei.