segunda-feira, 28 de junho de 2010

estou lendo "as mil e uma noites"

e com falta de ar

que preciso contar

ontem minha lágrima evaporou, febril

hoje meus ouvidos doeram, vazio

e a noite me
contou histórias

te contei histórias

nos contamos histórias

domingo, 27 de junho de 2010

(redon, ofhelia)

fria agem

folhas secas
outono em mim
os poros sussuram
o vento
faz dançar
a frase, olhei,
por uma tarde
inteira
não diz nada

partes se machucam

a linha voou

reflexo
o ponto final constrange

sábado, 26 de junho de 2010

pedro.




fora de mim
dentro de mim
morando em outra casa
ligando: mãe, tá tudo pronto pra festa?
todo amor, tudo.
A igreja imensa, hoje nem tanto
No jardim me perdia,
Escuro
Um cheiro de mato
Pessoas gentis
E o sino
que meu peso não revirava o som...

tem pedras agora pro vento levar
aos poucos

quinta-feira, 24 de junho de 2010

engole o choro
quem sabe assim não morre
afogada

implodir não adiantou
só te deixou mais frágil
pros abutres.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

silêncio

todos se olham
olham
entre
olham
silêncio, hoje eu entendo
nada há que não se vejam

terça-feira, 22 de junho de 2010

jardim*

de qualquer flor, ontem,

cadeiras num círculo - tambores calados no canto da sala
amarrados com suas bocas de corda,
suplício. os
realidades:
crimes;
tráfico;
abandono;
meninas na beira da estrada;
mães.
crentes, descrentes, dedos apontados. armas.

ela levanta numa fúria de louca bate a mão no peito derruba as cadeiras
diz:

- depois que eu descobri que poderia ser capada nenhum homem enfiou mais nada dentro de mim. nem filho, nem coisa nenhuma.

saiu levando um saco de realidade embora.

silêncio.

a líder do grupo, que morreu o ano passado,
olhou pra uma qualquer sentada na roda e falou:

- amanhã, você não esquece de trazer um sonho embrulhado pra ela.

*cena, não sei se eu vivi ou sonhei, ontem, no jardim do lírios.

citando a minha vó:

"é só uma dorzinha da hora, filhinha...."
(soprava, dava beijinhos)

e eu tocava uma musiquinha

anima.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

( monte belo, ontem)
porque hoje é segunda-feira
eu estou aqui..
e tenho tanta coisa pra dizer -
e uma coisa leva
a uma coisa
que leva a outra
e aí são tantas coisas, Ai,
que me levam
não tenho palavras.

portanto, entre-tanto, no entanto, todavia

uma música, apenas:

"Secador, maçã e lente" - (érika machado)

domingo, 20 de junho de 2010

um presente.

douglas d.,
.
.
( foto, 06.10, ruínas)

ainda
quando menina
junta gravetos
pedrinhas
retalhos
lãs...
e guarda numa caixinha.
um presente dela pra você,

sábado, 19 de junho de 2010

existe o sol da meia-noite. você sente? noite e 1/2, inteiro. olhe aqui, os meus cílios. toque. são macios como os teus.
há momentos
que
quero cegar

sexta-feira, 18 de junho de 2010

lembro que tive esperança

a primeira vez que terminei de ler
um livro de Saramago
senti esperança.

entrelinhas: sublime perdão, não quero ter razão.

aflita, com medo,

e pra completar chorosa, chorosa é quase igual chuvosa.


O dia está chuvoso....

Sub-linhas:

Peço perdão – meninas aquele momento em que o laudo apresentou, detalhe.

Elas se encontram à margem
penso nos objetos. a maca, pintada com tinta amarelinha, não tem colchão. é um ferro. e gelado.


a sala, a sala é pequena, sem janelas. úmida. todo lugar fica úmido e gelado por conta da sala e do ferro.

tem uma espécie de janela, digo espécie, porque se o ar-condicionado chegar, o buraco será tapado. de lá entra luz, sol. tem grade que no futuro segurará o aparelho.

A luz imprime, recordo das meninas que estão longe, Abrigo, silêncio, remédios que controlam o humor.

Acalmam
Quando o que querem é fazer carícias entre elas.
Ela quer um livro de poesia. numa levei,

agora tremo.



vão da entrada, na entrada tem uma rampa, imensa. perigosa.

laudo: virgem.

O teu homem vermelho
atendentes que ficam atrás de grades,

imaginei, deve ser por conta do público do lugar. quanta imaginação

vamos ao público do lugar



pessoas

com vida

semi vida

sem vida



sinto dores nas costas quando tremo. meu corpo contrai-se


hoje mesmo encontrei com ele. Nos corredores do poder. não me olhou, ainda bem.


meu estado é mínimo, Estado mínimo. um máximo dentro de mim

e ele, estado, dentro delas.



fomos prontas, fechadas. temos problemas, pessoas, semi-vivas

entrelinhas, tenho medo.

queixa:



- demora

- exposição na espera.



saída:



organizar o tempo de atendimento.





choro. o homem cansado. mela os olhos, chora. contando histórias do dia-dia.



não, não quero ter razão.

sim, peço desculpes pelo meu tom, aquele, cínico que te irritou.



a forma agressiva.

(bom, perdoar é sublime, maior,

e afinal foi vítima: abusada na infância, agredida pelo marido, etc...., e tem histórico médico, e os corredores dizem -

números da copa

na quarta-feira
o iml de Americana atendeu o dobro,
de mulheres,
para comprovar lesões corporais da tal
violência doméstica.
e olha que o Brasil venceu.


- 90 minutos de silêncio,

imagens, dia de ontem

...."Sua investigação do sonho foi para ver como se apresentavam, numa outra instância, essas necessidades radicais? Se apropriar do sonho na sociologia é uma aposta ousada.
(martins) - É, atrevida, né? Eu fiz uma recomendação expressa para os alunos que fizeram a pesquisa, cujos trabalhos publiquei depois, de que era proibido ler Freud.
Porque eles tinham que descobrir por fora da teoria freudiana o que os sonhadores estavam dizendo de si mesmos com os sonhos.
(martins)- Claro, o que disse foi que se eles lessem Freud, A interpretação dos sonhos, por exemplo, ou o que os freudianos dizem, não conseguiriam fazer um trabalho sociológico. Proibi para que conseguissem imaginar, criar e ousar. Freud explicou do ponto de vista da psicanálise. Agora, sociologicamente é outra coisa. E no Brasil, aqui na USP, tínhamos dois trabalhos de referência, um do Bastide e outro do Florestan. Bastide pesquisou o sonho do negro e descobriu uma coisa importante que deixa os negros furiosos hoje em dia: só é negro quem sonha como negro. Isso significa sonhar com os arquétipos da cultura negra, em que não existe a separação entre a vida e a morte. Esse trabalho é antigo, e depois ele voltou ao tema."
(José de Souza Martins Edição Impressa 147 - Maio 2008 - pesquisa FAPESP online);
"Aqui fazemos exames para constatar as lesões corporais. Não medicamos, nem fazemos curativos. Favor não insistir."
(informe afixado na parede, ao lado da mesa do médico legista, ao lado da maca para exames ginecológicos, no IML da cidade de Americana);
eles cortavam meu abdomem já suturado. ele não cicatrizava. e o médico andava de um lado para o outro. agitado lavava as mãos inúmeras vezes. a equipe era grande, 10 estudantes de medicina e enfermagem, todos me observavam. não estava com medo. só esperava deitada a solução para minha ferida aberta. parecia que talvez fosse sair um filho. talvez não. a carne parecia acostumada. e uma menina segurava minha mão dizendo que tudo iria passar. (............)

quarta-feira, 16 de junho de 2010




es/pinhos,
alguém perguntou -
você sabe falar francês?
não. eu não sei falar francês.
na verdade eu não sei falar
desculpe o transtorno
o torno
o que é um torno? -
vou me amoldar
girando.
olha meu coração
primeiro dor
depois espinhos
e ainda carne viva
tornou a ser essência
a metáfora não existe,
nem entendo o que significa em dicionário
nem sei como se diz em francês
as palavras sem sentido
o caminho é demorador

terça-feira, 15 de junho de 2010

para o silêncio ouvir

dia cão
me roça a língua
e esqueço o
maciez do sorriso
quando quase chora.
o choro compulsivo dói menos

quase choro
aquele que os músculos se esforçam
tirando de você a meninice
que segura fazendo caretas
pra não perceber
quanta força imprime
pra água não correr

com as mãos pequenas
[apalpando ]
naquele gesto de orar
constrói barreiras de terra pra desviar um rio

fala sozinha e
canta uma musiquinha
pra o silêncio ouvir.

segunda-feira, 14 de junho de 2010


:metá-fora do dia.
a noite já prometia. sonhos e mais sonhos. estranhos.
primeiro dois homens, não, não vou contar em detalhes.
fiquei encantada com a formiguinha ela andava despreocupada no meio de uma ruína. tão inteira. tão viva. tão cansada.
os sonhos -,
um texto inteiro todas as palavras o formato. apareceu. eu escrevi. depois dormi feliz. eis que acordo e era sonho. as palavras foram engolidas pela largatixa do canto menino. e não lembrava
só lembrava:
uma mulher olhando uma igreja pintada de mel por deus...
o mel escorria lembrava o sol. os raios em um exato momento
os dois homens amarravam, não sei bem o quê, a vida
em cruz. enferrujada.
os dois pensavam em mim. e rezaram pela mulher
que descrente lambia o mel das paredes ao lado da cruz

domingo, 13 de junho de 2010




sentir


a dor


do outro


sentir

ardor


torto
hoje, dor de cabeça.

faz tempo que não sinto dor.



não li,

nem tentei escrever

nem re.torci na copa
[dormi.]

nem vou fazer faxina
nem vou ler Foucalt
[------------]

hoje o dia está re.tesado

mas agradeço quem inventou a net

e divido com quem aprecia

este video.

sábado, 12 de junho de 2010

Fechou a porta.
Com uma caixinha na mão
acordou tarde Francisca.
Esperou
Silêncio
.
.
.
.
Enterro
Calma

De volta pra vida olhou a caixinha estranha em cima do criado-mudo. Lá estava o presente dela. O que fez pro dia dos namorados. Desamarrou os laços sem jeito e de lá tirou:

um versinho que fez corrido sem muito tritrique
Onde contava sem rima o porquê

Do silêncio
E o motivo dos 50 anos juntos

Cisca.
“Quando acorda,
Suspira profundo
como se morresse
suspende meu dia
E acordo também.
Depois vira de lado
E volta a dormir
na minha vida, ainda,
não vi nada mais bonito”

José;

e o cd com os suspiros profundos e demorados da última semana de vida gravados.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Cenas vermelhas:



E aí eu encontrava o Mário. No fim da festa. Cansada. Depois da dança. Depois da conversa. Depois da bebida. Depois de depois. E ele me agarrava sem vergonha no canto do salão. Era silêncio porque não havia o que falar. Era vontade porque o movimento lembrava os braços. Um ar fresco ressentia a pele. Depois nos esquecíamos. e...Tudo era igual à antes.


Eu não sou mulher objeto.
Não?
Sou mulher matéria-prima.
Inspiração?
Não. Matéria-prima.

Então. Perguntou pro açougueiro, - qual a carne que pode substituir a costela de boi na “vaca atolada”?
- não sei. Não estranhou o desconhecimento agorinha pouco ele queria vender costelinha de porco pro prato.
Mais um segundo o outro entrou na conversa. [Sempre observou os olhares deste homem.]
Puxou um papo. Citou uma ou duas partes do boi.
- Deixa pra lá não é nenhuma delas. – desanimada.
E ele, - não! Agora fiquei curioso. Me passa teu telefone!?!?quanto lembrar me liga...
- ponta-de-peito!, Lembrou-se.
Nossa, o sorriso dele foi só decepção.
Depois....
Dela um jeito diferente de cozinhar só com sal marinho e ervas. Dele uma paixão pelo tempero daquelas mãos.

-E foram felizes pra sempre.


Histórias:
- de santo de ponta cabeça.
- Mergulhados em copo d’ água.
- Precisamente afogados.

E a lagoa com suas bruxas. Mulheres que se reúnem a luz da lua e roubam barcos de pescadores peladas. E também a cabeça deles. E riem alto. E entram pela fechadura das casas sem serem convidadas.

Histórias de amores que não tem fim
tem fim.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

uma música pra você.


a vida é
morte
e meu pulso

hoje, por conta do dia dos namorados, que cai no sábado, dia internacional da foda, Eu vou começar uma campanha contra o amor, ou a favor.

porque disto eu entendo.

tem poucas coisas que entendo. o amor é uma delas.

não entendo de nada. quando penso sobre algo que não entendo me sinto pobre. na maior parte das vezes é assim que me sinto: pobre.


mas do Amor, este que durante a semana vemos estampado: nos outdoors, nas propagandas, nas vinhetas, nas lojas..enfim. esta ideia que materializamos através do que somos. eu dou meus pitacos. cada época tem um cheiro próprio um jeito próprio de pensar o amor.

e...

eu amei.


(assim)
citando:


"....Essa afetação científica não me interessa. A minha descrença nas ciências humanas está além da possibilidade de cura. Parafraseando Pascal (séc. 17), quando se refere a Descartes (séc. 17): acho as ciências humanas incertas e inúteis. Tampouco sofro da afetação das neurociências. Aqui, o amor seria apenas uma sopa com mais ou menos serotonina. Pouco me importa qual lado do cérebro acende quando amo. Ambas nos levariam a conclusões do tipo: o amor romântico seria uma invenção a serviço da ideologia burguesa e patriarcal ou alguma miserável conjunção de neurônios, como num tipo de demência senil. Falo como medieval extemporâneo que sou. Acho a literatura medieval melhor para falar do amor romântico (como achava o mexicano Otavio Paz). Em matéria de ser humano, confio mais nos medievais do que nos homens modernos. Segundo "Tratado do Amor Cortês“, o amor é uma doença que acomete o pensamento de uma pessoa e a torna obcecada por outra pessoa, criando um vício incontrolável que busca penetrar em todos os mistérios da pessoa amada: suas formas, seu corpo, seus hábitos. Trata-se de um anseio desmedido, uma visão perturbada que invade o coração dos infelizes. Tornam-se ineficazes e dispersos. Esses infelizes deliram em abraçar, conversar, beijar e deitar-se com o ser amado, mas jamais conseguem fazê-lo plenamente (por várias razões), e essa impossibilidade é essencial na dinâmica do desejo perturbado.

eu delirei.


"Corpo e alma estremecem anunciando a febre da distância. O amor romântico é uma doença. Nada tem a ver com felicidade. Por isso sua tendência a destruir o cotidiano, estremecendo-o. Ou o cotidiano o submeterá ao serviço das instituições sociais como família, casamento e herança patrimonial, matando-o."



eu destruíii o cotidiano. enlouqueci.


"Daí a grande sacada dos medievais: quando desejo e virtude se contrapõe, a “maldição de amor” assalta a alma. Sentir-se pecador (e por isso não merecedor da beleza do amor) destrói a alegria, atiça o desejo e piora a doença. A melhor rota é fugir do amor, porque uma vez ele instalado, a regra é a dor. "



por isso estou só. porque amei. por isso não vou comprar presentes no dia dos namorados.
porque amei.




....



(amanhã mais uma da série o amor que eu morri)





*citação da crônica de luiz felipe pondé, Heloisa, na folha de são paulo, 31 de maio de 2010.








quarta-feira, 9 de junho de 2010

o mar sem tamanho
enxergo daqui
imensidão
planície
de um marasmo azul
(e de luz a incidir nos meus olhos
tênues)
amargos de coisa comum -
do andar da moça na rua
do jeito de organizar o dia
com o som inventado das mentiras
que encobre o silêncio cotidiano das horas

e contas lilás

pra não fugir

meu deus,
como você é triste
como você é triste
e essa vida
que tanto.

domingo, 6 de junho de 2010

todo amor que há.

Talvez conseguisse escrever se não fosse o Pedro.
Voz:
Eu só consigo escrever porque há o Pedro.

Café da manhã

Não sei se inventei não sei se vivi.

Passa a panqueca com mel.
Não temos. Nem comemos isso pela manhã.
Mãe, somos, hoje, uma família seriado de tv.
Repetindo:

Mãe, passa os ovos mexidos. Por favor...
Você não existe criança!

O “desenhar palavras” é uma invenção do Pedro.
(que agora está no meu colo ouvindo a leitura de um livro*).

Aí a professora começou a escrever na lousa. Encheu de letrinhas que eu não conhecia. [mudança de escola, tudo novo, segunda série]
Me deu um medo mãe. E saudade da lousa da Rosaline. Dos desenhos. Das aquarelas. E do tricô.
Mas e aí amor?
Aí eu (suspiro) comecei a “desenhar as palavras”...

*clique na senha.

sábado, 5 de junho de 2010

no mais:
boas ideias acabam
em algum projeto do governo -
destes com endereço e tudo, www.qualquercoisa.gov.br
boas ideias acabam
em condecorações com roupa chique e tudo
foi o que aconteceu com uma amiga
a ideia era: "navegar é preciso",
antiga, simples:
alunos lendo poesia e navegando no "ciberespaço"
olha como ela acabou: recebendo prêmio no palácio - que lastima!,

(mas falando em palácios, em títulos...)

quando ideias acabam
normalmente ganham "selos de amigo de alguém"

boas ideias acabam

mas aquelas que são verdadeiramente boas
acabam
em algum livro, livros que não serão lidos -
ou melhor, só serão lidos por alguns. e estes, alguns, ganharão títulos,

e com o tempo só conversarão entre eles,
perdidos em uma língua própria.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

sonhei que mudava as escolhas do pintor
porque limpava os vitrais
porque não limpava os vitrais
a menina muda as cores do quadro
porque sorri
porque não sorri
o dia muda os contornos da pintura
porque é cinza
porque não é cinza
senti -
meu corpo pregado no teu
coração precipício
olhos escarpados -,
pele seda
em contrário espinhos

sorriso borrado de tinta
[uma escolha do pintor]

quinta-feira, 3 de junho de 2010






quero o movimento
memória

que meu corpo esquece de lembrar

corpo,
quero dançar
pra lembrar
o que sou
dançar
pra esquecer
o que sou
ela lia poemas assim:
- escondida -
fazendo o seu próprio caminho
escolhendo livre as palavras
roubando a sequência do poeta
ela trocava as letras quando escrevia
um dia
a transformaram
em uma história infantil
ela ficou feliz -
um feliz pra dentro
infeliz.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sabe aquelas pessoas
Q
ue respondem tudo.
são positivas –
tiram do lixo, ou da coisa mais insossa
algo luminoso. Bonito. Leve.
Jovem.
recebo correios eletrônicos dando aulas sobre vida.
quer um conselho, não queira ensinar nada.
Então.
Eu olho e vejo sempre sangue
Sou negativa faço mal a crianças –
E não gosto da Florbela Espanca, desculpe.
Eu nunca digo que não gosto. É uma tendência minha gostar de tudo.
Até do sangue. Isto não é receita, mas eu vou te contar algo que me faz muito bem:
Unha mal feita.
Cabelo desarrumado
E roupa fora de moda
- sabe eu gosto de argila. Poxa como eu gosto de mexer na argila. É delicioso
Fiz uma santa outro dia. Tipo nossa senhora sem detalhes, só manto e barro.
E aquarelas. Sempre ficam muito feias, cores muito fortes, e não mostro a ninguém.
É exatamente isso, as aquarelas me libertaram. E é disso que queria falar desde o começo deste texto.

Os remédios. Os comprimidos.
Eu tenho horror a excesso de comprimidos. Não tomo nem quando preciso muito. ,
- somos diferentes:

Eu já me acostumei comigo e você ainda pensa que tem que se livrar da vontade de livrar-se de você.

terça-feira, 1 de junho de 2010

rua de mão dupla

As palavras, sinos
Você me faz chorar

As imagens, signos
Você me faz crer

O pêndulo, esperança
você me faz dançar

- rascunho da infância
me faz síntese -

Não tenha medo
Você me faz amar
tenha medo
você me faz amar

rua de mão dupla, poema
você me faz sonhar