terça-feira, 28 de setembro de 2010

nome, sem

 te(m) marcas
o corpo
sutil (e)
mente
(beleza que me cega)
beleza que me cega

seca
me olha de dentro
nevoada de calma
sem pressa

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

do amor

sempre se perguntava: por que tudo é tão complicado?, e perguntava pra todos também. por que tudo é tão complicado?. e tudo foi ficando tão complicado. e se amarrando. e as teias se fazendo. e as teorias não aprendidas que falseava pra poder conversar com as pessoas complicadas. queria ter amigos. e todas as vezes em que a cabeça branqueava era bom. então foi que tomou gosto pelo complicado. porque nele descansava tamanha a exaustão. ficava olhando com admiração a complicadeza do mundo. das pessoas. dos bichos. da ciência ou o que chegava até ela de ciência. tudo bem que em geral era o branco que vinha. quando muito uma rima que matava.

 você já viu um barulho de tear?, parece música. e o ar fica coberto de pano, filetinhos de pano, dançam, e entram no peito das pessoas. as da vida complicada. e as pessoas são uma pras outras. e elas sentem na complicadeza da vida uma as outras,

e tentam se entender, refletir, pra se pensar. e usam por isso as palavras. não sei bem destas, elas, me complicam

aí escolhem as palavras. e digamos assim: com determinação.

pra contar pro mundo o que você quer contar pro mundo. pro mundo se posicionar, acho, ou você.

está tão longe do mundo. e deve ter alguém a pensar nisso. no mesmo momento em que você.
uma amiga dizia: você não é tão importante assim pro mundo. não preocupe. flauteie. tem muita gente no mundo.
e tanto mundo no mundo.

gosto de escrever -

dilemas quase nenhum. mas olho e gosto de escrever o que posso ver. e pra isso ainda uso as palavras.

de repente:

 vamos as palavras. todos os sentidos mortos. e elas não valiam, as palavras. se libertaram do valor. e ficaram plumas. e as plumas? bem as plumas também não valiam. a menina dizia: eu quero ser uma pluma pra você!!, você entende? não, não entendo. este bloco de concreto? você entende? não, não entendo.

esta âncora? este pássaro? entende?

não, não entendo.

e ela aprendeu a voar. mas queria um porto seguro. você entende?, não, não entendo. e por sorte como o mundo é grande e tem muita gente dentro dele. e estão ocupadas, ninguém validou este querer, então, ele não teve valor. e o tempo passou.


e foram anos sem falar. muda.


foi nesta época que um menininho ajudou a entender algumas coisinhas, bem simples. e simples é sempre plural. sempre.

musiquinha:
.
.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

(van gogh)

sonhei em azul: inveja
ribanceira,

tem palavras que se escolhem
e revelam sentidos

tanta cidade aqui
mas
 tem lago, tem gramado, tem margem pra deitar
tem um ar que é mar
e sono
sonho com inveja, em azul.


formigas doídas
e folhas que parecem desenhos no azul do céu
tem margem, tem lago, tem alguém deitado aqui
que olha folhas desenhadas no azul do céu
 mar

íngreme, palavra que jamais usaria
deitada no céu
olhando folhas
desenhas no chão, sombras de um mar

vejo, invejo
os espinhos que deixam a doçura da flor deitar

segunda-feira, 20 de setembro de 2010


(imagem, internet)*

brisa
não pergunte
se ausente
 ar, impressões, sopro.

sábado, 18 de setembro de 2010

tremores

remoto
é um lugar onde me escondo

de tudo que
das coisas por
do medo de

falar a verdade é atrair terremotos

remoto
é objeto que controla
 longe

tudo
as coisas
o medo

abalo

do medo
das coisas
de tudo

meto
a cara contudo

que
tenho, remoto,
dentro de mim

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A mulher agachada que olha sombras

Horizonte circular, pálido,
pessoas e cores


versões escuras do traço
parece tão real e aveludada
a mão do pintor
na tela somente o olhar



há caminhos que não existem


molhados -

esquecidos dentro de mim.

e um vazio que espera

redundante

na outra margem:

um menino calcula palavras,

porque as quer, (?), belas.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

o fim de semana

O trem está apitando antes de entrar na cidade. Passa gritando. Dizem que manchou de sangue o pano branco. Tem gritos no ar. De madrugada beirando o rio a locomotiva corta a cidade chorando.

O vencedor do festival de teatro foi: “Por que a criança cozinha na polenta?”. Cheiros.

No sábado assisti “mulheres no samba”: balé e samba. Histórias entrecruzadas de três mulheres que se apaixonam por um sambista. E seus objetos. Humanizados, objetos. Cada qual fica com uma lembrança do homem que amou. E suas cores. Os amores. A vermelha dança com a bacia que era sua, mas que se impregnou dele. Do couro, ela, a cuíca. A verde ganha o chapéu, aveludado. Gira pisando em dezenas de cabeças-presas, no pé, vestido de pontas, rosas. Na mesa as duas sincronizam movimentos, rotina igual, balé de elos. A lilás em gestos que separam pernas braços do alongado corpo metódico, dos pés vestidos, cristais, abraçada ao colar de pérola, embala uma valsa de ódio

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

a língua da Ma...

a tia pelefe, rezalmente, a tua língua, mama
não é dedoche - dedo do Che...certamente.
porque ela me deixa em agonia, plofplofunda!,
e parece que to-me viva.


este eu fiz com a ajuda do dicionário da minha sobrinha Maria.
eu confesso não sou coruja. mas sou tia-au-sente,

os olhinhoS dela tão aqui.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010



i,

amo tão provisoriamente
que amo completa
mente;
sempredestino
.
.
.
.
ii,

árvore de caule

Macio

,
,
,

cio-me tange

Pontas de aço

que me cercam viva

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

giz de cera





Tinge de cor as falhas
no amarelo impossível.

há beleza, as paredes, os quartos
do olho deitado no chão
rupestres linhas

no amarelo impossível

transformar um riacho
numa primaveramar