sexta-feira, 30 de abril de 2010

noite

Demora noite pra passar
- O dia é adepto dos esconderijos
Cantos escuros
Em meio ao céu claro

A noite revela:
Os desperdícios;
A sobra que não ajoelha em regras;
As rezas que escondem no breu meu choro;
A crença no impossível
Que a luz do dia nos rouba com seus soldados
Purificados e hierarquizados
Pronto para fingir um lindo sol

Nas certezas preparadas pra gritar:
“eu vou mostrar qual o seu lugar”
com dedos apontados, em mãos que aperto na marra, e;
- mostram-me o punhal
Não sem antes me chamar de escuridão...


ando devorando a noite
Ela consumindo meus dedos
E dando a esperança
De saber que ainda existe sol
Enquanto meus nervos estirados
Estão prontos pra um ataque em mim.

terça-feira, 27 de abril de 2010


E quando não tiver mais o que escrever?

(palavra, morre logo)

não escreve.

se eu te amar?

(coração, ressoa)
ame.
e se eu sentir vontade?
(ouriço, mar)

beije.

como?

olhe nós meus olhos

(arde)

...e inventa.


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Quando amanhece é assim aqui
Sobra cor
Falta leveza
imploro
Por horas enlouqueci
não me despi
mas quando amanhece por aqui
rasgo minhas roupas
e te vejo partir num remanso
choro
porque é bom te ver partir
em cores meu amor
quando amanhece por aqui
sem medo de borrar
coro
o desenho que te fiz.
Sem medo de ser eu por horas
Quando amanhece por aqui.

sábado, 24 de abril de 2010





Fragilizou paredes
Areia –
cama pérola.

Esgarçou o tecido da pele até último fio. desprendeu viva os fios nas amarras das mãos. o olhar um pêndulo do corpo. Seda. Clamou o canto dos deuses, os ouvidos surdos,
alma entregue ao horizonte escuro. Bate, alma, diluída, na parede, carne viva.

avermelhada..

quinta-feira, 22 de abril de 2010

palavras, sempre iguais, em todos os cantos.
da mesma forma, pro mundo. palavras são iguais. Mas Teu coração não era rascunho em um papel de presente. senti no teu pulso a metáfora de um rio. E elas choravam seus sonhos. Embora desejassem,
Cardíacas. Uma palavra igual distribuída aos montes, cura as distraídas. Mata as egoístas.

Seu coração pararia. E era igual. Como as palavras eram iguais.
Um dia, de céu azul, eu queria me distrair para acreditar. Um dia como qualquer outro eu quero ser quem acredita. E assim fazer da tua palavra pão e fome. Calmaria.
Sim, um dia alguém irá
acreditá-la, e tudo vai acontecer. Sim, eu sinto. Embora só a credite,
Arderam meus olhos minha pele. Meus seios grávidos. E ninguém nasceu. Porque nada nasce de novo no meio de tanta velharia.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Olho espelho. Sujo, passa álcool, limpa, limpa. embaçado dentro, limpa, limpa, limpa. passado, líquido. O que os olhos podem ver. Está lá fora.
Está na cara que eu sou má. A seqüência de palavras, você, desconheço, assoprou no meu ouvido. Está na cara que eu sou má. E eu prendi palavra por palavra. Retive. Represei na garganta. Deixei, clausura, no meu coração. Está na cara que eu sou má. Tão óbvio. E sei o que não devo dizer e digo. Não deixo nascer, deixo na espreita, só pra não conseguir lembrar. Fica lá, esquecida, e é tão claro, sou má. E dou minha cabeça porque fica pesada, pra doer mais, e meus olhos entram facas, leves, que pesam seu contorno. Só pra eu ter certeza que eu sou má. E finjo que sou má. Para que pense que talvez não seja. Mas te digo: sou má mesmo quando finjo ser.

terça-feira, 20 de abril de 2010

o vento te traz

Você poderia evitar lembranças?
De festas, de aniversários, de mim, que me liguem aos nós.
Hoje quero estar vazio. Acho que os pensamentos que me acompanham não serão jogados por aqui. Tem fissura aqui, racha, tensa, me lembra força que ao final acaba por inscrever barulho, rachadura. Trinca em som.
"O que você lembra?" suspiro confuso, sem som.
De algodão, nome, sangue. Sem lembranças, por favor!?
"Limpe isso então."
No jardim tem flor. No meio, esperança, se mente,? E é na gine...ai não lembro o nome do órgão reprodutor da flor, qual é?
"seu."
céu, -> fruto, que irá comer, na flor. no chão confuso da vida que dita regras pra amar, pro amor. a regra é para que todos sempre façam o que sempre iriam fazer sem as regras. inventam nós. os nós me doem. sem lembranças por favor...
só se for, seu!
"Sem lembranças, por favor!"
Algo preciso descobrir. É um caminho teórico, fechado, daqueles que se escondem, não!, falam, entre eles, e entre eles quanto mais sabem, falam. Só entre eles. E eu minto. Mas não sei.
Evito lembranças.
No chão daquele jardim tem flor. Fico sem ar, a flor tem olho e reproduz, embaça o meu amor. Embasa a teoria que não chegará até mim.
O algodão encharcado de sangue molha a flor. Deitada na grama geme de amor. E chora sem qualquer dor. O tiro queima a pele. E os meninos mostram os dentes, vingança. E a flor lembra até morrer sem afeto sem amor.
"Evite lembranças amor"....
não chore. me traz dor.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Alinhas meu corpo.
Linhas caminham ligam minhas feridas.
Forma um céu, na minha superfície doente.
Chagas.
Árvore.
queima
Abre fecha meu corpo são.
Abre meu peito vidro.
Estilhaça
Desenha uma folha seca com papel e lápis.
O seu rosto, contorno, fugiu no céu pele.
Uma esperança no vento que levou embora a margem corpo. Ouro.

Hoje eu não queria nada. Nem pessoa, nem argumento, nem morada. Nem deitada nem em pé.
Só, margem.
Um instante. Um vazio de pensamento. Uma música tocada a diante. Um silêncio de uma palavra. Uma causa de mim. pausa, mais nada. Nem apego, nem sossego. Só fim.
Um repente,
Queria ser de repente.
Um choro de tartaruga
Que molha toda a casa e transforma um chão arenoso venenoso num rio.



guardo papel e lápis. desenho a tentativa rosto pálido que voou no chão de secas. árido. outonou meu traço. espera e dança na margem do corpo. esperança.

terça-feira, 13 de abril de 2010

estava sentada no chão. encostada na parece fria, e no chão. ia embora toda vez, sempre depois de exaustivos debates internos. ele e ela, internos. neste dia morria de ciúmes, entre uma dança e outra. dançava balé, e minha mente, dançava balé. pensava em círculos, prendia em círculos, o que sentia, gelava o seu corpo. era ciúmes, então morria, mais uma vez em uma semana de 7 dias. era um pensamento que dançava balé, e o meu corpo esfria. transpirava de ciúme. enquanto dançava balé no chão gelado do seu corpo, que morria.

domingo, 11 de abril de 2010

sexta-feira, 9 de abril de 2010


Há dias a máquina acusa que estou só, há dias me acuso por estar só.
Viajo amanhã pra cidade vizinha. tarde retorno, às vésperas, pra uma discussão séria sobre saúde mental. Lamentei o seu momento, sua mãe se foi. Ela um dia esqueceu de viver. Queria me dedicar mais aos amigos. E ele me avisou - meu pai morreu. esperamos por isso. A lógica da vida é esperar a morte. Eterna. E, amigo, sonhei com você, espero notícias da gravidez e do seu filho. Um dia virá: “,vou ser pai !!” E chorei.

E você?
Não sei.
Alegria.
Penso e aparece. Já é segunda vez. Por enquanto vou ficando aqui com minha alegria sem explicação. eu prometo não ter pensamentos egoístas pela manhã, só, quanto escurecer. Eu prometo não querer nada além do que pode dar. Eu prometo não prometer nada. E estremeceu, nossa como estremeci suave. E foi ao dicionário, procurar a melhor palavra pra dizer: eu sinto por você...
e voltou, nada que se encaixasse na tua boca. Olhou. Se escondeu atrás da porta, aquela do Chico Buarque, e esperou o barulho dos teus pés avisar chegada, a tua. E se posicionou corajosa de frente pro teu olhar, e não disse nada, teve medo. Sacudiu as lembranças do jeito feliz de ser quando ama. E em seguida muita, muita vaidade, e,

... um espelho erguido entre o amor que quero que sabia que posso sentir. E o medo de saber que um dia saberá. isso me fará voltar a ser musgo...
voltei ao musgo antes do anoitecer. a vida está sempre suspensa em brisa.
esvaece. dou de cara no concreto que ajudo a armar.

quarta-feira, 7 de abril de 2010


Izabel abortou-se. Era lilás no céu, seu medo, às 2h00 da madrugada. Ninguém viu, ouviram um grito abafado. Era Manhã. Lembrou sina. Não toca. Nem Sente. Izabel esquecer-se em mim, dura, Magoada, ressentida. Frágil. Quase menina, quase gente, quase enfim, não sobrou nada. Nem começo um quase. Izabel fugiu por mim. Me abortei em Izabel. E fui embora dela dias depois ela de mim. mata saudade. Não quase Izabel. Ela, sim. O útero morreu na maciez da nuvem que não pari.
Izabel tinha um quase nome, um quase endereço antes de sair de mim. abandonada. Como ela morreu véspera de um dia Fim. "Quase teve espasmos, quase morreu," E eu não chorei, quase; Izabel. Na barriga Já berrava de madrugada e cegava de canseira de tantas noites, mal, tão inocente, dormidas, eu, um quase. E amei Izabel. Fingi que não existiu. Inventei para não estar aqui. Os ouvidos doíam, em prece, de quase mãe. Me ensinaram amar Izabel para poder me odiar por não amá-la, e depois morrer...

terça-feira, 6 de abril de 2010


mente pálida
o sangue nas veias
esvazia o corpo
coração bate em eco.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

meu pai disse que hoje virei homem.
ué, menino, e cê já num era?
"quarto escuro, secreto de escuto."
enfrentei o medo na minha coragem no lombo de um cavalo.
que cor que era o cavalo?
"vertigem segura na minha mão e não me abandone, que quero ser homem."
de pelo branco, sem sela.
"só imprevisto de desespero e medo ao me sentir aquarela."
e você amou o cavalo?
nunca. nunca mais subo no lombo de um.

domingo, 4 de abril de 2010

Era uma vez...

a solidão...

o silêncio
a tramar fio a fio 0 calor....



de um olhar



caminhos. amanhã continuo que pro inverno ainda falta um tanto de horas.

da pele que eu não sei


Pele guardada tratada por alguém.
Foi usada pra algo, pêlos cortados.
Suas palavras caminham sobre ela – e diz, é seca, pode ser usada como:
E dita como. Na véspera da ressurreição de alguém.
Sobre ela. Dita como deve servir ao tempo e à espera.
Ela dita serve. E caminha sob suas palavras.
Elas aquecem, e não servem. Só olham como vitrais. Colorem o dia. E amanhecem por fios, por vidas. E as palavras brincam na retina da criança. E na hora do jantar, são, como desenhos enfeitados cada qual misturados às cores do olhar. Suas palavras sérias. Brinquei com elas. Amanheceram no meu travesseiro estampado de flores, e escolhi um cacho pra cada uma, manhã. Perdão. As colhi.
E entrelaçou mais algumas e não disse coisa com coisa. E então ela que há algum tempo lia enviesada palavras para inventar brincadeiras na varanda, releu: “pois se é importante pra mim por que eu não seria pra você? mesmo que demore, o meu tempo, para entender coisas, de amor, eu me importo..." e voltou-se a sua importância, tudo importa no mundo de céu lilás. Lembrou da sombra e da marca de um passado remoto no pulso. Acho que de um relógio. O seu tempo era vermelho num pulso pálido sem veias. Amanhã é verão. Não esqueça as pessoas são iguais. Não esqueça de apanhar o jornal para ler notícias que fazem chorar. Não esqueça de ler. E então ela ouviu: por que você está triste, amor? – na voz rouca de sempre. Porque a lágrima é salgada como o mar e produzo catarro sempre quando chove. E esta voz era sabida. E nunca desistia, embora não existisse. Olhou as imagens pela milésima vez. E o pássaro passou. Sorriu num alívio. Tão suave. E esperou. Não esqueça de sentir,.

sábado, 3 de abril de 2010

saudades




céu manhã sexta
santa
mesmo sem você, amor.
de um segundo pro outro mudou a cor
e o pássaro
passou.

sexta-feira, 2 de abril de 2010


Mãos quase um toque Seu rosto Impreciso Vejo Alento à ausência Me esqueço na tua língua molhada Preciso tuas palavras secas Suspense um quase toque, um beijo. ruptura granito, rompe por tua vontade. fico menina sem saber olhar. perdida.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Estatística




Em cada três, três são casadas. Em cada três, três não trabalham. De cada três, três têm no mínimo 3 filhos. Em cada três, três crêem em deus. A cada três, três têm uma vizinha que apanha em casa. Das três as três não podem trabalhar por determinação do marido. Todas as três irão aprender a fazer unhas, “artísticas”, quando a verba do governo chegar. De todas as três, uma quarta, eu, quem escreve. Três mais um todas as manhã não sonham. Qualquer uma das três pode escolher, aleatoriamente, nunca leu poesia. Todas comem pão com manteiga e suco tangue, no final. Das três, quatro são assistidas socialmente. Quase todas são 1/2 Maria. Com exceção de algumas Madalenas em três. Todas dormem sem esperança e acordam atrasadas para obrigação, dever, para merecer um direito a um “bolsa família”., incluindo a quarta. Das três, todas serão manicures depois de acordar, se deus quiser. mas todas as três, sabem, só dependerá de uma, três eus. e da única, sua?, vontade de mudar de vida. de quatro em quatro, por três, ninguém sabe, qual a margem de erro. nus olhos.