sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Respirando um poema

Fluir do vento
Em pausa sustentada
Pela dança de suas folhas


Henrique Tiba




ao papai da Mai

no ventre
a dançar
mil folhas

dani carrara

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

domingo, 18 de agosto de 2013

bebe suco de laranja
enquanto estuda os ipê-amarelos

mas, a ausência de magnólias a absoluta.






segunda-feira, 29 de julho de 2013


deito o corpo no teu silêncio.



e por:


prescrição médica:

1. poesia a escorrer nos cantos da boca
[refazendo tecidos uterinos]
tecendo melodia incomensurável a beleza da vida.









há um nulo
palavra mergulhada
na casca
[sementeadeira] de sentidos
a transcrever as veias
anagrama sob a pele

quarta-feira, 10 de julho de 2013

eu e as Anas. estamos grávidas.
houve um tempo em que o que nos ligava
eram as violetas
e as mãos entrelaçadas pra cruzar as ruas.

agora. eu e as Anas estamos grávidas.

 a miséria espelho difuso nos seus olhos
nos meus olhos as belezas dos olhos delas
e as barrigas douradas.

eu e as Anas estamos grávidas
e somos conchas de mar
alma a guardar alma.




quinta-feira, 27 de junho de 2013



com suas mãos de algodão
 fosse possível um céu no papel
 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

in.sone


vou contar as gotas de orvalho
na noite

 vou contar as gotas de orvalho
até amanhecer.

vermelho.

 
 
 
foto: henrique tiba.
(essa foto foi tirada na manhã de um domingo. euqanto recolhia petálas de flores)




[a lua ao contrário no horizonte da manhã]

-  pensava que as flores eram transparências
mas de quantas lâminas de espadas são feitas as margaridas?

sábado, 22 de junho de 2013

Xícaras

                                                                            
                                                                              1.
1.




2.
 
 
[xícaras, 1., e,  2. há um ano faço aula de cerâmica. essas xícaras produzi nesse intervalo de tempo. a primeira em maio de 2012 e a segunda em maio de 2013.  o mesmo barro. os mesmos esmaltes retirados com sabedoria e respeito da natureza [pela minha professora] as mesmas mãos. e o tempo. o tempo. delicado tempo.]

domingo, 2 de junho de 2013




I

por un minuto de vida breve

única de ojos abiertos

por un minuto de ver

en el cerebro flores pequenas

... danzando como palabras en la boca de um mudo.

[alejandra pizarnik]

quarta-feira, 29 de maio de 2013

museo, rodin
 
 
 
 
 
 
 
1. Ao longe
Na pele sente

[as palavras diziam
de uma pele que os poros explodiam um oceano]

Reflexos da sua presença
No olhar distante

[e os olhos navegavam
... reflexos de estrelas]

No meu peito repousa
[deita de silêncios no meu coração]
 
 
 
fotografia: andando pelo museo, no jardim,  além das obras do rodin, e, da camille, meu olhar ficou absorvido pelas pedrinhas no chão. esculpidas de tempo.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

imagem: Helga Aichinger.

das palavras: ânfora e cântaro.

.

uma vez caí num poço. soterrado. estava brincando e sumi dos olhos dos meus pais. como um animal numa armadilha. com os braços fiz uma âncora e fiquei pendurada. nesse dia nasceram minhas asas. sobre as asas e os inconvenientes que elas me causam - conto depois. mas adianto: as asas nasceram das ferrugens da âncora.

ii.

na folha do caderno não desenhei um "s". o caderno virou uma árvore. tudo depois que as asas apareceram. do cântaro vazou um poema em si.



observação: ânfora: uma âncora de águas, essências, perfumes.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

imagem: Alaya Gadeh
 
 
 
os olhos anoitecem para palavras
sinto as margaridas

segunda-feira, 13 de maio de 2013



imagem: alaya gadeh.


as mãos no meu ventre
transparência no vermelho
das azaléias?

quarta-feira, 8 de maio de 2013


desenho - dani carrara



nas mãos


folheava os cabelos dela igual
livro.
retornando as páginas

ele disse:
seu cabelo transparece um poema de Bashô

em francês

 

domingo, 5 de maio de 2013

a.

precioso é o teu olhar
tupila manhãs
às minhas lembranças.



b.

pássaros. céus nos olhos.


segunda-feira, 29 de abril de 2013

viagem de esquecimentos, 1777.

um dia mãe os homens começaram a vender os sons do piano
o peso da música era o quanto valia. sentias saudades do frio
das maças penduradas no varal que vestia-nos
...
no quintal:

bordava nas pedras. os seus filhos.
as cinzas retalhadas em cores
diluídas no ar: o choro esquecido.

[poema para minha mãe,]

sábado, 20 de abril de 2013

 
 
 
 
3 levezas.

i.

silêncio:
palavra aberta
... no teu corpo.


ii.

exauridos
de lembranças, movimento
de vertigens. os nadas.

iii.

viagem:
o olho desconhecido a apresentar-me
em 5 sílabas. as realidades.

domingo, 14 de abril de 2013

vento.

I.

retalho os dedos
sangro quatro existências
no caminho da tua língua.

[beijo-te]
 

II.

quando choro tua alma
a lágrima me pertence?


III.

adormeço.

e é suave não existir
[existir-te]

quinta-feira, 11 de abril de 2013

foto: armário de casa. uma das primeiras peças de cerâmica que produzi - esculpindo ao acaso: brotou um vulcão: adormecido.





nalgum lugar dorme:
palavra
pálpebras escondidas
nos cinturões de flores
crepúsculos. de guerras.

ruas silenciosas/metáforas fendidas
talvez
o não-ser da língua
diga - quartzo.

segunda-feira, 8 de abril de 2013






palavras enrugadas na garganta
cegaram-me
fizeram da vertigem: passado.

domingo, 31 de março de 2013

o mar passou por entre suas pernas
anoiteceu pedra na palma da mão
mordaça de séculos. prurido
no pálido dos olhos. vertigem. você.

segunda-feira, 18 de março de 2013

mãos minhas
pedras de gelo
escultura acomodando-se no fundo aguaso
dos sonhos

seu rosto um nome
transmudo. irrequieto de passados.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

‎6 de julho 2011.

solto caracóis na transparência dos seus dedos
II -

... quando a noite nos movimenta
solto caracóis na transparência dos seus dedos
é sobre-humano dormir sem seus braços
solto novelos no macio dos seus dedos
é sobre-humano dormir nos seus braços

I-
abro a noite no peito e sinto as dores
de tudo o que o rio frágil não absorve
abro as dores numa noite
e sou fuligem a deslizar no seu leito

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

se não te ouvisse no absoluto,
como conheceria a não-palavra?
se pela manhã não mergulhasse o silêncio nos meus ouvidos
não seria poema
se não me fizesse escrever em terceira pessoa
deitado entre minhas pernas
como me saberia alma?

e quando diz-me:

... “a amo no fluido imperceptível
naquilo que aqueço quando toco os meus dedos
na sensação que desaparece no retorno da lágrima
para dentro da pupila
na comparação ( comparação?)
entre o que me movimenta
e o que me faz esquecer que sou matéria”

resta-me um “sim-azul”

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

a brisa a acordava. dizendo que o movimento das folhas inexiste.

e tocava as notas musicais que só conheço o som.

o som se esparramava nos vãos de uma casa cor-de-rosa.

nos sentidos, reconheceu os passos de um homem.

um homem que toca piano

... [que não toca piano]

na lembrança do som

nos ouvidos à brisa.