sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Propriedade.

A quem pertence às ‘coisas’? O óbvio esclarece: Os objetos a quem comprar. A terra a quem cercar. Os livros a quem escrever. As horas ao relógio. O deus ao crente. O filho a mãe. A mulher ao marido. Bom, agora que está tudo no lugar o conforto e a tranqüilidade me pertencem. Este assunto muitas vezes se apropria de mim. Nesta semana encontrei pela frente histórias que não me pertenciam, mas que a mim falou, cantou motivos para pensar em pertencimentos. Uma delas era sobre uma moça jovem que escreveu um texto e vendeu as palavras a alguém. Vendido estava e não lhe pertencia mais. Não assinava mais seu nome; não reconheceriam mais como seu, enfim. Embora ainda fossem suas as idéias e sua a seqüência das palavras e as escolhas por essas. Também o jeito de pensar através daquelas palavras e organizá-las em uma seqüência com sua própria lógica, e esta mesma impregnada de sua história. O valor de algo está na história de quem produz. Li em um texto isso. E o assunto em questão era objetos confeccionados por artesãos, mas o que isso me informa sobre a propriedade da coisa, considerando que venderei por um valor que me pertence, algo, a partir daí, não mais pertencente a mim. A outra história foi uma mocinha apaixonada que me contou, ela disse: ‘meu amor é dele. Dei todo o meu amor a ele’. - Mas ele queria seu amor? ‘não é esse o caso mesmo que não queira será dele. ’ (tem momentos como esse que zera o trançar das idéias a respeito de um tema. é uma barreira e não adianta tentar ultrapassar porque o pensamento não encontra saídas e o breu se mostra). Mas vamos lá. Quanto mais consigo marcar algo com o que sou mais isso me pertence. Tanto de dentro, ou melhor, da essência daquilo que nasce em nós, quanto de fora ou daquilo que significamos a partir da nossa história. Quando falamos assim: - essa música é nossa. Óbvio que não necessariamente a autoria da composição. Ou a compra dos direitos desta, já que mundo criou a possibilidade de fazer o que nasce em mim propriedade de quem compra. Mas é o significado que dou a ela e a maneira em que ela conta a minha história ou a nossa que faz dela minha. Os sistemas políticos e econômicos que estudei até aqui têm esta como uma questão a ser articulada e a partir disso estabelece diferenças essenciais entre eles. Mas não quero falar disso, quero falar do meu, minha, muito próximo. Procuro quase por motivo transcendental não deixar nada no meu nome, sou uma desapropriada de coisas. E tenho pressa em entender, portanto pergunto: Comprar não faz algo me pertencer, primeira história (?). Não desejar algo como seu também não faz disso algo não seu, segunda história (?). No entanto tenho medo que algo pertença a mim. Isso me obrigaria apropriar-me dele, deste algo. E vice-versa. Então, sem sentido procuro fazer coisas que inspirem a significar coisas que faço, talvez, isso me faça imaginar que me aproprie destas sem pertencê-las.

Um comentário:

  1. pois é Dani, depois de tanto despertencimento me ocorre algo que tenho dito...não basta esquecermos das pessoas se elas náo nos esquecem hehehhehe, vc pode querer despertencer mas nem sempre a conspiração é reciproca...rsrsrs...espero um café para tratarmos do tema

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eu não sonhei, sonhei.