quinta-feira, 23 de julho de 2009

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está difícil escutar o som da minha voz.
Eu ando tão sem dentro.
E o fora parece passagem. Aragem.
Agora isso me faz lembrar pastagens.
E mudo de rumo. Lembro do dia que cortei meu joelho em um caco de vidro, quando ao ajoelhar na grama, do pasto, senti dor e vi meu sangue. O céu tão azul e as nuvens brancas, borradas do vermelho aparecem misturados na minha cabeça de lembrar. Muitas cores, paragens. O lugar declinava e no meio um riozinho tímido, córrego de alguém. Era proibido e de existir tirava o sono. As árvores de dentro, pomar, eram de outro sabor, íntimas, fáceis de subir. Poncã, cheiro bom. Goiaba, textura macia. Jabuticaba, árvore acessível aos pés. Manga, proibida. Casa grande com algo a não compartilhar. Cerca arame separa os quintais das casas brancas que dividiam a colheita, colônia. A brincadeira era ficar na larga e passar de uma casa a outra em bando. Os meninos cuidavam dos obstáculos. Eu era a menina da cidade. E do bambuzal, som. Num bueiro de terra clara e grãos soltos todos deitados cansados inventando histórias de terror, antes do sol se pôr. Sujos e famintos o banho e a cama eram a oração final: amém.

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eu não sonhei, sonhei.