quarta-feira, 19 de maio de 2010

galhos queimados amarrando o céu

eu dor
tu a(n)dor

tua beleza é movimento.
tormenta que dança.

balé em sina
pura estética

que arranha seu
dorso, funde meu corpo
dor só
gesto, corpo extático

toca, tateia caminhos

na manhã que se-para
nós
galhos queimados amarrando o céu

3 comentários:

  1. A QUEIMADA



    Queime tudo o que puder :

    as cartas de amor

    as contas telefônicas

    o rol de roupas sujas

    as escrituras e certidões

    as inconfidências dos confrades ressentidos

    a confissão interrompida

    o poema erótico que ratifica a impotência

    e anuncia a arteriosclerose



    os recortes antigos e as fotografias amareladas.

    Não deixe aos herdeiros esfaimados

    nenhuma herança de papel.



    Seja como os lobos : more num covil

    e só mostre à canalha das ruas os seus dentes afiados.

    Viva e morra fechado como um caracol.

    Diga sempre não à escória eletrônica.



    Destrua os poemas inacabados,os rascunhos,

    as variantes e os fragmentos

    que provocam o orgasmo tardio dos filólogos e escoliastas.

    Não deixe aos catadores do lixo literário nenhuma migalha.

    Não confie a ninguém o seu segredo.

    A verdade não pode ser dita.

    Lêdo Ivo

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  2. belo movimento em ritmo dor-só. bjs

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  3. oi, anônimo, seja bem-vindo...

    me lembrei deste poema que li outro dia...:

    "hoje sonhei ser segredo,
    seu segredo,
    algo distante de mim.
    aquilo que mora no pulmão do maestro,
    enquanto pausa, enquanto lembra, enquanto espera o som.
    sonhei ser antes da pintura da nave,
    antes da tinta ou das mãos,
    antes da ideia.
    sonhei ser segredo,
    seu segredo."

    Adriana Versiani
    Ouro Preto, MG.


    abraços, obrigada pela poesia.


    má,

    tá sumida,
    saudadinha...

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eu não sonhei, sonhei.