quinta-feira, 13 de maio de 2010

Amor,

Não dormi muito bem a noite e você sabe quando falta sono sobra desequilíbrio no dia seguinte. As idéias ficam desajuizadas, meu corpo fica sensível, choro à toa. E penso: “logo a noite chega de novo e sono remontado é mais saboroso.” Quando tenho insônia não faço nada. Não leio porque me falta concentração. Não escrevo porque tenho preguiça. Mas olho para o teto branco, salmão na verdade, e fico quieta, ás vezes ansiosa para dormir, mandando o sono embora, outras se esquecendo de mim, do mundo, e recomeçando a partir do teto branco. Esta noite pensei em você. Queria corrigir duas coisas sobre a nossa última conversa: 1. Tente me entender; não sei como, não pelo que escrevo, não com sua cabeça, nem com tantas ideias anteriores, só tente me entender. Sinta-


me.
Quando
Olho



escuto
leio
sei.

2. Você não existe. E também digo do nome, sobrenome, endereço, história.

Não sei do que digo. Sei que não existe. E por isso te invento todo dia. E sei que não fez o que falou porque não existe. Por que não existe. Sem interrogação a vida é melhor. E o teto branco bem-vindo. Quando disse pra tentar entender o outro, distante, falava de mim. E segundos antes disse: “não me entenda” – achei arrogância minha. E voltei pra te dizer me preocupo com o que pensa sobre a minha arrogância.

Mas ontem não existiu. E você não foi a lugar nenhum, nada que tenha querido contar deixou de ser contado. Tudo já foi dito em uma única frase. E eu e você querendo dizer mais do que é possível. Bestas humanas.
Outro dia saí, raramente faço isso, e dei de cara com alguém que me assustou. Parecia muito comigo, o aspecto físico, o jeito, a voz.

E me lembrou. Você me esquece.

Isso não tem importância.

A folha em branco sempre me assustou. Porque a sei, deveria continuar em branco. E você deveria não existir.



Abraços

Maria

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eu não sonhei, sonhei.