domingo, 4 de abril de 2010

da pele que eu não sei


Pele guardada tratada por alguém.
Foi usada pra algo, pêlos cortados.
Suas palavras caminham sobre ela – e diz, é seca, pode ser usada como:
E dita como. Na véspera da ressurreição de alguém.
Sobre ela. Dita como deve servir ao tempo e à espera.
Ela dita serve. E caminha sob suas palavras.
Elas aquecem, e não servem. Só olham como vitrais. Colorem o dia. E amanhecem por fios, por vidas. E as palavras brincam na retina da criança. E na hora do jantar, são, como desenhos enfeitados cada qual misturados às cores do olhar. Suas palavras sérias. Brinquei com elas. Amanheceram no meu travesseiro estampado de flores, e escolhi um cacho pra cada uma, manhã. Perdão. As colhi.
E entrelaçou mais algumas e não disse coisa com coisa. E então ela que há algum tempo lia enviesada palavras para inventar brincadeiras na varanda, releu: “pois se é importante pra mim por que eu não seria pra você? mesmo que demore, o meu tempo, para entender coisas, de amor, eu me importo..." e voltou-se a sua importância, tudo importa no mundo de céu lilás. Lembrou da sombra e da marca de um passado remoto no pulso. Acho que de um relógio. O seu tempo era vermelho num pulso pálido sem veias. Amanhã é verão. Não esqueça as pessoas são iguais. Não esqueça de apanhar o jornal para ler notícias que fazem chorar. Não esqueça de ler. E então ela ouviu: por que você está triste, amor? – na voz rouca de sempre. Porque a lágrima é salgada como o mar e produzo catarro sempre quando chove. E esta voz era sabida. E nunca desistia, embora não existisse. Olhou as imagens pela milésima vez. E o pássaro passou. Sorriu num alívio. Tão suave. E esperou. Não esqueça de sentir,.

Um comentário:

  1. E eu sinto ainda que às vezes me esqueça.
    Um ótimo texto. Feliz Páscoa.
    http://compromissocomoacaso.blogspot.com/

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eu não sonhei, sonhei.