segunda-feira, 31 de agosto de 2009

desenha para mim...


Era uma vez um lugar onde as mulheres apanhavam. Era um problema. Bom, agora, isto é (era) um problema. As mulheres que apanham não trabalham adequadamente, não tem uma vida social comum, não conseguem desempenhar com sutileza o papel de mãe, mulher, entre outros ...sem contar que muitas tentam o suicídio, além de re.produzir essa violência com os próprios filhos. Dizem que sofrer violência deste tipo transforma algo a respeito dos valores e sentimentos... Violência seria um meio não ‘civilizado’ de resolver um conflito. Ou melhor, quanto maior a dificuldade em legitimar um poder maior a violência empregada para (...). Assim... Os dirigentes do lugar reuniram-se para pensar o que fariam para melhor adequar essas mulheres em conformidade com uma vida social ‘normal’. Descobriu-se depois de muito estudo que já existia uma forma de fazer isso na cidade vizinha, lugar mais desenvolvido. Lá existia um lugar que ‘acolhia’ essas mulheres há algum tempo. Organizaram então uma comissão para cuidar de assuntos sobre as mulheres que apanham. Mas existia um problema. Essa comissão de mulheres que não ‘apanham’, aparentemente, e se organizaram para resolver os problemas de mulheres que apanham não chegava a um acordo. O principal problema era provar que as mulheres (apanham) precisavam de um local, seguro, discreto, aonde poderiam receber um tipo de atendimento e apoderar-se de uma situação para livrar-se de tudo o que não desejavam para si, mas antes precisavam descobrir o que não desejavam para si. Esse lugar, além de ser um lugar, (e não um fast-food para atender pobres com direitos violados) (ah... apanhar do marido é ter um direito básico violado, isso! essa mulher que apanha, apanha do marido... essa violência chama-se violência de gênero, porque assim ficou convencionado por um grupo de mulheres que pensam sobre isso, (...e eu não sei se elas apanham ou não): as acadêmicas feministas). Dizem que quando a violência está intrinsecamente ligada à construção de papéis sociais de gênero - ou melhor, ao discurso cultural sobre a diversidade sexual – acho que é isso (?) ou pelo menos até aqui é isso. Merece um tratamento diferente. Enfim... Voltando à cidade do início do texto. As mulheres que não apanham ao pesquisar um local propício na cidade, em um momento da busca encontraram um lugar interessante: um centro comunitário com ares privados. Destinado a casamentos, ops, aluguel para ‘festas de casamentos’. Um lugar agradabilíssimo, tons pastéis, tudo organizado, pessoas sorrindo, enfim o paraíso! Mas para garantir um local era necessário provar que existia uma demanda que justificasse tal lugar: uma clientela boa, ou, mulheres que apanhassem. Então essa comissão foi até aos bairros, escolheram os de maior pobreza, bom, tem muitas pobrezas no mundo, mas neste caso era material. Para conversar com mulheres e ouvir destas suas histórias relacionadas a violência. E assim, justificar um local para ‘receber’ e ‘resolver’ o problema desta(s) mulher(es) que apanha(m). Sujeito nada abstrato. A solução ainda não veio, talvez não venha, talvez venha. (... continuação...)

(Joana Maria, 10 anos, redação apresentada para sua professora de quarto ano - 2009

2 comentários:

  1. embora esteja numa cidade que ainda nao encontrei um lugar especifico para receber as mulheres que apanham, porque aqui tambem havera de ter as que apanham, estou hospedada perto de um Centro da Comunidade de Waikiki, com escola infantil (bem infantil mesmo; nao travestida - depois escrevo sobre as escolas travestidas) templo religioso, aula de tae-kon-do; reunioes de mulheres (com direitos violados ou nao)para atender as necessidades de gente deste lugar.Ainda nao estive la pois estava fechada, mas irei e saberei se as mulheres que apanham sao acolhidas la'. Espero que nesta cidade bem civilizada do seu texto as que mandam na cidade pensem que cuidar das mulheres seja algo que realmente faz difeenca numa comunidade.

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  2. léa,
    volta logo...
    sabe q sua presença foi constante em todos os momentos desta saga 'ficção'.

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eu não sonhei, sonhei.