sexta-feira, 19 de novembro de 2010

um infinito de coisas.



E se eu tivesse aprendido música, ainda na infância,
O que meu ouvido ouviria a mais. Os números são infinitos.
Finita é a melodia. Porque nem sei o que é melodia.
Minha educação musical, oficial, começou aos 15 anos. Quando minha professora de geografia me livrou de um cachorro quente e me levou pra almoçar na casa dela. Um piano enorme na sala. Foi a primeira vez que vi um piano. Ela era professora de música. E passava horas estudando. Seu florentino não, o marido dela, tocava de ouvido.

Desaprendi violão com uns sete ou oito anos. O homem não falava: na garganta um ferro preso.


As notas coloridas, depois, escorriam do ouvido igual fosse ralo de música.


Deve-se ter dom pra aprender música. Igual se fazer poesia. Ou tom?  As melodias e os números são infinitos...

Pensa, em toda manhã que não queremos ver o céu.

O céu é infinito.

A gente é finita.

O mundo também. Mas os números não. E as melodias?

E o amor, acaba infinitamente todo dia e, finitamente recomeça.

Deus organiza a fila: finitos pra cá, infinitos pra lá. Quase um dança. Não, deus não dança. Joga, dados. No liquidificador?


Ele está enjoado de poesia. Engravidou-se dela, é o preso dos primeiros meses.

Ou seria preço? Estamos presos aos primeiros meses de felicidade.

Notas e palavras se combinam e descombinam.

O som do mundo. Tem passarinho, tem rodovia, tem poesia, tem vizinha tagarela, tem criança que corre, tem louco na janela.

Tem céu que não olho. Não quero mais escrever. Quero mais escrever. Quero mais. Porque o de hoje cedo foi pouco.


porque de você
eu não penso nada
 só amo.


porque de você
os por quês

de você a exaustão em ser
me cansa

de você, a poesia,
(...)

de você este abismo que fala
que diz que diz que mostra nos olhos
me estranho. nem imagino o que seja isso
ter um abismo nos olhos.
Já fugi para o jardim. e lá é plano, e no chão lajotas pretas e eu contava-contava, esquecia dos vãos entreelas. Ou nem isso. Ia lá e somente pensava que as horas iriam passar, finitas, e  voltaria pra casa. E as horas infinitas meadeeternam, ou quase isso. O eterno não pode ser quase. É absoluto.

Eu já ouvi falar de olvido absoluto. Seria um ouvido infinito?
Dizem tem músicas que estragam o ouvido. E separam estas aqui estas lá. Estas quose lá, cá.
Mas mão dançar. Ou não? E veja. os movimentos são finitos. E repeti-los doe as juntas. Numa fábrica de instrumentos musicais, violinos. E tocar. E ouvir. E viver doe as juntas.
os sentidos das nossas palavras -, são outros. Tantos. E acordar com você dentro de mim é finito. Igual dança, igual música, igual fábrica de violinos, igual conta, igual números, igual a um infinito de coisas.

Um comentário:

  1. correção:

    E veja. os movimentos são finitos. E repeti-los dói as juntas. Numa fábrica de instrumentos musicais, violinos. E tocar. E ouvir. E viver dói as juntas.
    os sentidos das nossas palavras -, são outros. Tantos. E acordar com você dentro de mim é finito. Igual dança, igual música, igual fábrica de violinos, igual conta, igual números, igual a um infinito de coisas.

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eu não sonhei, sonhei.