terça-feira, 10 de agosto de 2010

pronto: agora vou lavar louça e fazer o almoço...


Eu só estou escrevendo esta história pra te contar.

Quando eu me dei por lembrada que existia já passava dos cinco. De lá pra cá tenho lembranças de mim. Foi um momento neste ano que de lá pra cá me lembrou hoje que aí eu já existia. Fim de tarde, de lá pra cá, sempre nós, pai, mãe e irmã, uma só aqui, Quando me dei conta na memória que existia. Depois veio outra que era meu espelho e, portanto me lembrava todo dia que eu já existia. Mas aí eu já sabia só vinda a sensação de não gostar de...foi num fim de tarde, vou te contar como se tivesse a sensação na hora de existir, mas foi depois que veio, porque existimos por lembrar que um dia existimos, e fizemos algo que valeu a pena lembrar. Eu me dei conta que existia numa sorveteria, não por conta da sorveteira, mas dos eventos todos que a sorveteria me deu conta. O exato momento, depois te conto o que eu fazia lá, o antes, o depois, e o por quê, de existir. foi no instante em que sentada na calçada da sorveteria chegou um fusca carregado de gente, muita gente, você sabe cabe quatro (cinco) apertados, neste hora o fusca tinha oito, muitas crianças, eu existindo, sentada com todos na calçada, em uma mesa não na calçada de fato, dia de verão, calor, minutos antes de pedir meu primeiro Sunday. O fusca chegou, era como se fosse hoje, a mulher desceu e comprou picolé pra todos. Aí eu passei a existir. Era dracena, uma cidade perto da minha, só podia dar conta que existia lá, lá é o centro sabe, tinha sorveteria. E gente igual poleiro num fusca. Eu estava lá, em dracena, porque todas as vezes que minhas tias vinham de São Paulo, no final do passeio, passeávamos pra levá-las até a rodoviária. Eu adorava quando elas vinham, ia com meu pai de madrugada, nossa, tinha um cheiro a madrugada de buscar minhas tias. Fresco. Cheiro de quem chega de são Paulo. E depois vai embora, porque não é daqui mais, levá-las pra voltar pra são Paulo também tem gosto de sunday, meu primeiro. E de existir em dracena. cheiro de fim de infância. Porque Depois fui eu pra são Paulo, morar, aí eu chegava naquele ônibus, e meu cheiro era igual para mim, não pra quem ia me buscar. Era sempre meu pai que ia, ele sempre queria saber que livro eu estava lendo. então eu sempre lia algum livro quando chegava. e ele ria quando eu contava sobre minha leitura. meu pai passou a existir um pouco depois dos cinco anos, foi numa viagem que fizemos pro sul, na casa de parentes da minha mãe. e no pedágio pra ver as cataratas do rio Iguaçu, eu lembro, que senti meu pai tão gente, um homem foi grosso com ele, e ele tão humilde. depois fomos até o final, eu ele e minha irmã, minha mãe teve medo. mas nós fomos até a garganta do diabo, isso já é em outro lugar, mas na minha cabeça o mesmo. eu tenho tantas fotos deste lugar, as pontes balançavam, por isso minha mãe não foi, teve vertigem, ou qualquer outra coisa de adulto, mas nós fomos até o fim, era um lugar lindo, com quedas d´água, que acabariam nos próximos meses, por causa de uma hidrelétrica, então fomos até o fim. Depois morei com as minhas tias. Meu pai e minha mãe sempre imaginaram que não ficaria ali, que eu iria pra um outro lugar. E eu também.

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eu não sonhei, sonhei.