quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Aprendizado ou a viagem ao centro da terra.


[Transalucinação de trechos da prosa de Alejandra Pizarnik]





A. pegou o pote onde estava escrito:

“Beba-me e verás coisas cujo nome não sonha o silêncio”.

A linguagem é um vácuo onde nenhum objeto parece ter sido tocado por mãos humanas.

Falo com a voz atrás da voz e com os mágicos sons da língua encantada.

Embriaga-me a luz que transforma minhas palavras em um esplêndido castelo de papel.

Permito-me visões e figuras pressentidas segundo os temores e os desejos do momento.

Sobrevoa-me a morte. Busco a saída.

Volto a mim e vejo uma dor que não acaba.

Luz estranha a todos nós. Em mim, tudo se diz com sua sombra.

Azul é meu nome.

Sou capaz de morrer por uma palavra mal pronunciada.

Os sofrimentos me dispensam de dar explicações.

Já não significa para mim a língua que herdei dos estrangeiros.

Sei bem que minha ferida não deixará de coincidir com a de alguma “supliciada”, que um dia me lerá com fervor por eu ter deixado de dizer que não tinha nada a dizer.

Eu falo a partir de mim.

Para sempre em meu ombro direito dois êxtases poéticos
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Adriana Versiani dos Anjos.

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eu não sonhei, sonhei.