segunda-feira, 13 de setembro de 2010

o fim de semana

O trem está apitando antes de entrar na cidade. Passa gritando. Dizem que manchou de sangue o pano branco. Tem gritos no ar. De madrugada beirando o rio a locomotiva corta a cidade chorando.

O vencedor do festival de teatro foi: “Por que a criança cozinha na polenta?”. Cheiros.

No sábado assisti “mulheres no samba”: balé e samba. Histórias entrecruzadas de três mulheres que se apaixonam por um sambista. E seus objetos. Humanizados, objetos. Cada qual fica com uma lembrança do homem que amou. E suas cores. Os amores. A vermelha dança com a bacia que era sua, mas que se impregnou dele. Do couro, ela, a cuíca. A verde ganha o chapéu, aveludado. Gira pisando em dezenas de cabeças-presas, no pé, vestido de pontas, rosas. Na mesa as duas sincronizam movimentos, rotina igual, balé de elos. A lilás em gestos que separam pernas braços do alongado corpo metódico, dos pés vestidos, cristais, abraçada ao colar de pérola, embala uma valsa de ódio

3 comentários:

  1. na rua pano branco já tem tanta mancha...tem das veis, de amor, outras de dor...histórias entrecruzadas...

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  2. oia lá má..
    o trem tá gritando...

    são 6 horas. como chora nestes dias de encruzilhadas

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  3. seus ouvidos são sensíveis.
    a encruzilhada não faz parte do meu roteiro diário. Passo só por cima,no viaduto, qdo vou e volto do consultório.
    saí agora a pouco pra dar uma volta, pensei em ir no cineclube, mas não conseguia passar ali...demorei, rodei rodei....
    passei...olhei...rezei.
    voltei.

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eu não sonhei, sonhei.