domingo, 6 de dezembro de 2009

Qualidade de secura. Hoje nasceu refletida. Acordou assim branca. Sentiu um aroma que vinha do seu lado esquerdo. Era novo esse cheiro. Parecia dela, mas não conhecia. Sua pele parecia impregnada de mar. Colou uma presilha no cabelo. Prescindia de cor. No escuro do seu corte. O vermelho não se apruma. Dores que evita. Vida que não vinha. E o cheiro aumentava. Era fresco como o começo do ano. Era o esquecido dos dias. Do passado que na sua cabeça ardia sem existir. Do tempo atrasado que ela sentia, mas não sabia, convinha. Ou do uso daquilo que não te pertence, das roupas que empresta e usa com a lembrança do outro. Era tão insegura. Segura do que não era. Lamentava aquela presença sempre que se ausentava. Porque assim podia se ver. E parece tão vazio o lugar daqui. Tão sem sombras de talvez. Tão certo. Tão feito de obviedades. Tão desprovido de amor. Tão claro. Uma mistura de verdades deslocadas. E invenções próximas do que sou.



Um comentário:

  1. você tem uma incrível capacidade de escrever o que não tem razão.
    subjetividade inexplicada.
    sensação.

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eu não sonhei, sonhei.