sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A mão áspera passava essa leitura, sobre a minha pele fina, com voz rouca, silábica. Lábios massageavam as linhas. Aviões no lugar das palavras. E línguas escrevem nos seus pelos frágeis. Talvez descrevesse um instante qualquer só para parecer poesia. Mas a sarjeta que quero traduzir não salta de mim em versos afins com o mundo. Sim, foi porque um silêncio da amanhã de ontem me matou docemente. As águas cairam em mim e a lama me soterrou, agora presa no limbo da minhas vontades. Que as lágrimas se dissolvam em palavras vendáveis. Presas em capa dura e preta. E que a felicidade se ocupe do seu prestável lugar. Pois a infelicidade é certa num mundo de gente que quer ser feliz. Pense? Uma precisa da outra para existir. Ninguém se ocupa do nada. O atraso só olha pra frente. E a gente? E o adiante vem (de traz.) E ainda assim Rilke continua alemão. Adianto. E no meio, das frases, palavras de alguém a soltar aviões no céu da minha boca.

Um comentário:

eu não sonhei, sonhei.