quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Capítulo, 13

Penteou os cabelos do lado esquerdo com gel para ficar com um aspecto molhado. Com esperança. Procurou no armário aquela camisa que tanto lhe dava segurança. Não achou de pronto. Não iria perguntar onde estava não convinha. Optou pela cor azul calcinha. Tantos momentos bonitos passados na cabeça vestindo aquele uniforme de recrear. E ela sempre dizia que ficava mais jovem de azul. Vestiu, olhou, avaliou. Colocou por dentro da calça. Tudo bem, pensou-se. Aprovou. Naquele dia adiantou os relógios para sair sem que ela o visse. Embora fosse dela a força arrancada daquele algo estranho na rotina. Algo desprendido do óbvio. E tão óbvio. Não passou. Desapercebeu. Todos comentaram seu aspecto diferenciado naquele dia. Talvez não tivesse coragem. Não queria ter coragem. Nas cenas do intervalo reproduzia frases absolutas que definiam a não-ação já calculada há meses para este dia. Mas seus pensamentos ainda procuravam por respostas aos atos. Indagava no comum dos acontecimentos rotineiros suas inseguranças. Pura loucura. Pensou nela adormecida. Desavisada das escolhas dele. Isso vez doer. Descansou essa idéia. Olhou o relógio: duas horas para o encontro. Gelou a espinha. Desperançou-se.

4 comentários:

  1. Dificil decidir. Porque será que preferimos o frio na espinha à dor no coração ? Eis uma bela retórica: AMBIGUIDADE. Vou postar a respeito pelo AVESSO eis que o INVERSO insiste em não me deixar. Será que você me entende ?
    Caio S.

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  2. Mas seus pensamentos ainda procuravam por respostas aos atos. Indagava no comum dos acontecimentos rotineiros suas inseguranças. Pura loucura.
    ...........
    a loucura é, me parece,em muitos momentos, procurar respostas....que não existem...
    talvez a lucidez seja parar de perguntar e apenas ser...

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  3. é confuso esse estar-se voltado pra si mesmo por toda a vida.
    A não ação programada
    o não ser desejado...
    interrogativa e incerteza, e ainda assim as escolhas teatralizdas na vida.
    E ainda procuraremos velhas justificativas por muito tempo.
    beijos moça

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  4. E a história se repete pra dar tudo no mesmo no fim.
    É por isso que não quero o igual. Ou
    e por isso que quero.
    Pq tem mais coisa no meio.
    Simone.

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eu não sonhei, sonhei.