domingo, 14 de abril de 2013

vento.

I.

retalho os dedos
sangro quatro existências
no caminho da tua língua.

[beijo-te]
 

II.

quando choro tua alma
a lágrima me pertence?


III.

adormeço.

e é suave não existir
[existir-te]

3 comentários:

  1. Certo dia, em aula do Pierucci, ele nos disse que um dos fatos característicos da modernidade era a proximidade dos corpos, no espaço público. Proximidade produzida pela massa, pela "dissolução" do indivíduo no corpo a corpo com outros tantos indivíduos, conhecidos ou não. Intimidade dos trens e ônibus lotados. Mas trata-se de proximidade incômoda. Os versos da Dani, por sua vez, são os sinais expressivos e também o resultado da intimidade como salvação, resgate e fortalecimento do íntimo, da afirmação do eu no terreno do amor, que também é o campo da perda do eu. Perda no frenesi erótico, em que os corpos se fundem nas peles que se tocam e a consciência, num lapso, adentra em recônditos insólitos. Mas em seguida, retorna e sente a suavidade de corpos que se sentem bem, seguros, quando ocorrem essas idas e vindas delicadas e significativas entre o existir em si e o existir no outro ("existir-te"). São versos sobre o amor-corpo, corpo como local do amor, do encontro. Versos carregados da perspectiva fenomenológica, no sentido de que somos nossos corpos. Versos nascidos dos corpos, da experiência corporal. Poesia linda!

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  2. obrigada, xico.

    a poesia pra mim é a terceira margem.

    o que me leva pra sempre embora
    que me faz encontrar-te

    e depois
    - me traz de volta.

    como num sonho de um deus-poeta
    a criar alma
    da essência refletida do sol
    no mar. de particulas sem porquês

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  3. tudo lindo, absolutamente; esse cometário foi tão certeiro; eu nem ousarei acrescentar nada.

    Apenas suspiro: belíssimo!



    ps desejo de coração que continue escrevendo pra sempre, dani

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eu não sonhei, sonhei.