sábado, 19 de maio de 2012

bricoler



i, o trem

ela morava beirando uma passagem de trem. neblina não faltava. se acostumou com os horários de apitos movediços. desexistiu as estações. somente
 imaginava dormia embalada pelo prateado dos trilhos e sonhava com o cintilante da cidade  formado de movimento
 do trem.
com o movimento. sonhava as estações. mas via homens subindo no meio do caminho. andarilhos ou forasteiros, não sei. se acostumava de adeus, talvez sim

com os olhos  me ocorreu uma mulher passeando pelos cilhos do trem. movida a barrigas grávidas.

ii, a estação

a mulher acalmava a cidade com as cores. passava seus cabelos tingindo as bordas que horizontavam a cidade. a cidade. a cidade.
eram as bordas tingidas de amanhecer. a mulher. a mulher era o cabelo  a procurar a cidade.

curar.

iii, as conchas

das imagens o pensamento que debruçam palavras no mar. elas dormem amanhãs.

2 comentários:

  1. redescobrir uma amiga, poeta de qualidade refinada, capaz de pequena obra-prima como essa! que sorte a minha!

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  2. há uma neblina em cada estação de apitos movediços que nos desexiste. a bagagem torna-se pesada, volumosa, mas por ser a extensão dos braços, não fica para trás; antes leva-nos para os descampados onde dormíamos sobre o nome. e o passado é respiração-suspiro à espera de acontecer.

    beijinho, dani!

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eu não sonhei, sonhei.