Eu me lembro do terreiro, das carriolas abarrotadas de galinhas mortas.
Lembra mãe?
(parece que eu escutei a fala da vovó na sua voz
'filha você lembra de cada coisa.'
nós quatro temos a mesma voz:
Maria, Daniela, Carolina, Juliana)
Era alguma praga daquelas que passam e matam.
Ou daquelas que precisamos matar antes que nos mate.
dos remédios aos pingos no bebedouro delas.
E das valas. E do cuidado para o mal não se alastrar.
Lembro que vocês doavam leite, pai e mãe.
E que naquele ano, da praga, alguém passou fome.
Lembro do flamboiã,
Das cadeiras, dos livros,
Daquela sombra fresquinha
E de estudar histórias com você. Mãe, lembra?
Eu tinha medo de não entender.
Lembro do mutirão das uvas. Nossa como é delicado plantar uvas.
E do tempo dos alhos, a casa ficou em frangalhos
E a sala virou santuário de envasar nosso trabalho,
Bugalhos, alhos, atalhos
tudo misturado ao cheiro forte do lugar
Tudo para eu estudar,
E ir embora de casa.
e voltar no final do ano
com saudades de Pau D'alho.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
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gosto de ouvir histórias
ResponderExcluirDani que emocionante..que profundo...que lindo!!!!!
ResponderExcluirParece que vc conseguiu expressar o verdadeiro sentimento sobre nossa casa, sobre PD...E em forma de poesia..Ficou bárbaro!
Vc sempre me faz rir, chorar, sentir várias coisas no mesmo texto.Vc é muito boa no que faz!
Beijo..
Ju