terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Varais
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Porque nem tudo é sexo, né?
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
depois de tanto ativismo:
números;
descaso;
e mulheres, como eu,
(nada) normais!
http://benandanti1.wordpress.com/
medores
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Pau D'Alho
Lembra mãe?
(parece que eu escutei a fala da vovó na sua voz
'filha você lembra de cada coisa.'
nós quatro temos a mesma voz:
Maria, Daniela, Carolina, Juliana)
Era alguma praga daquelas que passam e matam.
Ou daquelas que precisamos matar antes que nos mate.
dos remédios aos pingos no bebedouro delas.
E das valas. E do cuidado para o mal não se alastrar.
Lembro que vocês doavam leite, pai e mãe.
E que naquele ano, da praga, alguém passou fome.
Lembro do flamboiã,
Das cadeiras, dos livros,
Daquela sombra fresquinha
E de estudar histórias com você. Mãe, lembra?
Eu tinha medo de não entender.
Lembro do mutirão das uvas. Nossa como é delicado plantar uvas.
E do tempo dos alhos, a casa ficou em frangalhos
E a sala virou santuário de envasar nosso trabalho,
Bugalhos, alhos, atalhos
tudo misturado ao cheiro forte do lugar
Tudo para eu estudar,
E ir embora de casa.
e voltar no final do ano
com saudades de Pau D'alho.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Capítulo, 12
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Capítulo, 13
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
peças íntimas, cenas públicas
domingo, 6 de dezembro de 2009
("olhos que chamam")
Mentiroso, sua pele é podre.
E, é maltido entre os santos da minha vida,
Por que reprime esperanças. ?
Que salta do nada viscoso da lembrança
Embalada por suas mãos
Que nem sei o que querem,
(querem estar vazias.)
E fico lesa
Te odeio,
Porque pensa poder saber de mim,
E te esqueço com apego
De um corpo que nem sei,
:canteiro:
De obras de um não-amor
Que você sempre soube, justo.
E tem mais: me cansa com a sua beleza.
me enoja com seus dedos imundos tocando minha pele lavada.
você fede, não toma banho
dorme com a roupa que veio da rua,
me traz flores murchas,
não cuida de mim
afetos frios
fingidos de doce
tudo tão poeticamente feito,
tudo para me enganar,
tudo tão fantasia...
e eu nas tuas asas de cera.
foge;
se esconde detrás do sofá,
você bebe,
você me prende no seu jeito de deixar tudo solto,
não sente prazer,
me usa,
se dá e não se entrega,
está morrendo de vida,
tem outras mulheres,
me faz sentir só mais uma...
me destrata e não me bate,
não me xinga e me agride,
você se faz de besta,
me corrói,
quer meu corpo, só
chora
e não soluça, embora.
vou embora! Ponto.
Fim
(esta tem parceria musical!, felipe)
sábado, 5 de dezembro de 2009
Sonha, sonho
"Ele organizava os papéis cuidadosamente como se fossem tesouros. Revirava e corrigia quando necessário, seus movimentos eram suaves, parecia dança, uma dança de gestos comuns. O som saía do toque nos objetos que o cercavam: os papéis, a mesa, as canetas, o telefone, a cadeira giratória, a impressora. E o silêncio vinha das palavras impressas, intangíveis."
De repente despertou. Desnasceu pra vida. Havia adormecido no sofá, olhou o chão da sala e viu as imagens de um caleidoscópio, as sombras do sol refletidas por sua cortina colorida. As cores giravam e transformavam as formas com o vento. Sonhei com ele, com o músico.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Capítulo, anti-penúltimo
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Homilia
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Capítulo, sete
O tema da manhã era o silêncio. Ela teria que escrever algo sobre o silêncio. Queria começar com uma frase de efeito: "O silêncio diz mais que mil palavras." Mas isso não era frase de efeito, apagou. Pensou, pensou, pensou...nada. Só pensava no filme que havia visto aquela tarde. Um filme assim, assim, tema batido, mas que toca, assim, assim. "Falar do silêncio". Achou melhor ficar quieta.
Daí, ela se atrapalhou toda e diante do tema fez o inverso. Começou a escrever, ‘barulhentamente’, um texto atrás do outro. Barulho, compulsão. Nem sentiu. Vomitou tudo como quem tem prazo de validade e precisa terminar a vida e entregar a quem de direito tiver o quê, melhor que ela, fazer com o que viver. Estava sentindo dores no estômago. Queria ir embora de mim a qualquer hora, desde que fosse agora, sem muita demora. Na verdade essa ansiedade começou no momento em que ele, não queria falar dele, propôs a ela, pensar durante um ano, é, exatamente um ano, em uma poesia que escreveria. Ela entregaria, no prazo de um ano, 14 de novembro de 2010, uma poesia, que segundo ele, deveria vasculhar no mais profundo dela. Então sentada na cadeira de área, que ficava na cozinha, pensou inquieta, o que sairia dela assim de tão profundo que talvez demorasse um ano? Nossa! Isso a incomodou profundamente. Não teria coisas lá tão profundas dentro dela. Lembrou-se do que ele sempre repetia: não é doçura que vejo em você, é profundezas.
e dormiu. porque toda vez que a felicidade vinha, a tristeza se erguia. e a lágrima não a esquecia. "É foda", pensou. Era o único xingamento que se permitia.
*eu, você (Do lado de lá)
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
é?
é simples
assim:
terça-feira, 24 de novembro de 2009
rede de balançar - (me-ninou)
uni versos
sem ti.
sob
e ira e beira meu corpo casa nua.
na lua vertigens,
vazia e tua.
lia na soleira,
esteia(me)
na teia que tece em minhas veia(s)
enredado,
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Capítulo, penúltimo
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
bem-incomum.
e elas se atiram no precipício
do fim da linha.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
'Duas da Madrugada'
-‘ num sei, vou tentar (...)’
- ‘deu?’
-‘ ainda não sei! eu queria trazer meu paninho, mas minha mãe disse que era para eu ser gente grande.’
-‘entendo. quer que eu continue a história?’ e aproveitou um sorriso.
- ‘sim’
Era a primeira vez que Gabriela ficava dias e noites em casa. Pousava. Ela morava em Santa Cruz do Rio Pardo, região de Ourinhos, os pais nunca foram casados, e agora ela convivia com duas famílias.
- ‘parece que está amanhecendo né Dani’.
-‘ sim querida. oh, tenta essa ponta do travesseiro, vê se dá!?’
- ‘será que já amanheceu, Dani?!’
-‘ num sei querida!’
-‘tô com saudade da minha mãe.’
- ‘eu sei. e todo o dia nesta casa esta semana, te prometo, amanheceremos saudade.’
-‘você não parece mãe. você sabe cozinhar?’
Foi à pergunta mais difícil que eu respondi na vida! e a Gabriela só tinha 7 anos. Ou melhor a ‘Su’ como gostava de ser chamada pela mãe.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
no absurdo,
surdo (.)
e cego do céu,
que alucina pelas cores
amanhecidas nos céus olhos.
(lilás, azul, vermelho)
aquareláveis! estampados na sua retina.
obrigadani
ps: não con-sigo comentar no seu blog. vou chorar..rs, então resolvi postar aqui, por um dia muda-rei o nome deste lugar.
Adoeço. E perco a memória por entre os medos. Sim, encontro nas ruas perdidas de algum começo. Solicito endereço.
Pré-medito. Te como por entrelaços, desapareço. Ampulheto.
Tempo. Dou tempo, lavo o tempo, escorro o tempo. No brilho da louça lavada solta por entre a peneira. da varanda da casa da minha vó. Memoro.
Atraso. Só chego na hora certeza na rotina de um Pedro.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
terça-feira, 10 de novembro de 2009
céu de hoje.
a corrigir os trilhos nos vãos.
lapido-me em rascunho apagado de tempo, incerto o correto que quero de nós.
leve de imprecisões,
digitais impressas de fogo: suor amargo que caminha a fé pela pele
salgada do dia de sol (;)
trabalho; cansaço de horas passadas a marcar o tempo ponto
expio-me no amanhã: Cuido-te de ontem: hoje.
domingo, 8 de novembro de 2009
capítulo, sete
Ela só sabia que devia fugir. Inexplicavelmente tinha que escapar, abrir uma brecha no espaço e passar por ela para um outro plano. Por medo e mais ainda por insegurança, não se sentia capaz ter qualquer coisa. Sempre havia desprezado tudo, nunca fora capaz de ter nada por muito tempo. Quando criança, desmontava todos os brinquedos e depois os jogava fora, cansada de tudo aquilo. Não tinha explicações, apenas sentia que não podia possuir nada, nada, muitos menos brinquedos caros.
Visualizava um brinquedo, uma boneca de pano que sua avó lhe fez, toda colorida, alegre, que um dia passando por uma ponte em uma viagem que fizera com seus pais até um país vizinho do seu. Isso. Era uma ponte que ligava, ou melhor, separava países, resolveu em um soluço abandonar a boneca. Uma certeza adulta que só criança tem de deixar para trás aquele pedaço de alegria porque assim devia ser, traçado de um rio. Num relance olhou para todos os lados e jogou a boneca no rio imenso, obra do destino de águas que não pensam somente passam e mudam o rumo, porque assim deve ser, o rumo de um rio que ainda não foi trançado por ninguém. Que cena bela essa da sua vida inesquecível. Depois disso foi tomada por uma vontade de ser atriz e achava que levava jeito para cenas dramáticas. Os anéis de doces, os pedacinhos de brinquedos queridos, eram deixados em lugares, atirados em rios, esquecidos em sombras de árvores. Com o tempo percebeu que não era desapego abandoná-los, e lembrava sempre da boneca de pano, essa que a fez perceber, naquele dia, que o desejo de jogar o que era seu, na verdade traduzia em rascunho uma vontade de deixar um pedaço dela em cada lugar, como se para ampliar tua existência. Ela abandonava-se para pertencer ao mundo, e o mundo a ela.
A lida.
ele estava na estante de outros dias.
moroso, chegava a ser calmo.
batida sem presa pegou
livro na mão; pé no chão.
cabeça no vão;
tábua amplia o pão
na mesa do pobre: coloca as horas como se fosse café amargo.
queima a língua e amarga a próxima bebida.
dias se vão, passam com muita explicação
e o livro na estante. olhado, amarrado
por lembranças das primeiras palavras lidas:
precipícios de frases
soluços na linha, pés tropeçam nas vírgulas
e o próximo dia espera a lida.
sábado, 31 de outubro de 2009
publicar-se.
contos, crônicas, ideias
poesias
em lugares papéis,
editam postagens, moderam comentários
comentam os textos, literatam(-se,)
as pessoas.
nas janelas abertas para rua
há conversas longas debruçadas no dia (...)
sábado, 24 de outubro de 2009
eu não escrevo, nunca.
para que nunca mais saia de mim.
quero o amanhã para
que o hoje não exista
quero o horizonte
para não mostrar nada além de mim.
quero o sentidos,
céu de nuvens brancas
para brincar de talvez.
quero o para sempre
para morrer todo dia.
quero o agora
terça-feira, 13 de outubro de 2009
ressecado de vida:
distância maltrata o caminho de hoje
colorido por pés.
da angustia dos trilhos que inexistem
lembro que de tão passageiro
todo instante é interno, eterno.
sentidos expostos
a nervos sobrepostos.
sons
que gritam
amplificam a carne -
teus ruídos.
e o sangue brota vencido (,)
de força breve.
no silêncio monstro de homem esquecido no tempo.
joga as frações de horas inventadas
nos caminhos sem por quês.
que se acostumam de nós.
Prever
Ver,
o que (não) sou eu
me acalma.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Hoje às 20:00 'horas'
Convides retirados:
4, (...)
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
- Sabe, dona Dani, há dois meses marquei essa consulta e eu um homem de 78 anos a cada dia que passa, mais sinto, que vocês jovens tem de torcer para não viver tanto. Acompanhe meu raciocínio querida o médico fica no posto por quatro horas, durante esse período ele também atende os ‘pacientes’ do hospital, pois a cada meia hora se retira e vai à sala ao lado. Ontem de todos os que esperavam o atendimento, umas 42 pessoas, 80% eram idosos como eu. Cansado de esperar resolvi reclamar para a atendente, foi então que com um pouco de argumentação ela me contou quem eram os pacientes do hospital e que me passaria na frente dos demais por conta da minha idade. Eu disse a ela que não era necessário, considerando que a maioria ali fazia parte deste grupo, e que gostaria apenas de fazer uma reclamação. Ela sorriu e apontou o telefone da ouvidoria.
- o senhor ficou quanto tempo lá?
- Três horas.
- e quanto tempo durou a consulta?
- um minuto e trinta. Mas o médico era muito bom, tanto que acertou o remédio, disse que o mesmo agiria como um reboco, porque estou com artrose, te contei?
- Não. Me contou que dona Renati estava com artrite.
- Sabe dona Dani eu fiz os cálculos. O médico trabalha 4 horas por dia lá no postinho, se ele atender por 5 minutos cada paciente, serão em média 48 pessoas por dia. Claro que aí você tem pausas contratempos etc... Mas em média imagino que seja isso. Considerando a energia e vitalidade de um rapaz de 35 anos. Mas veja você à atendente me disse que naquele dia estavam agendadas 80 consultas. Lamentável, querida... Não sou dono da verdade. Mas não acha que algo está errado?
Percebendo os olhos do Sr. Inocêncio pela quarta vez encher de água resolveu mudar de assunto.
- Acho. Mas, mas me conta a dona Renati como está? E o piano, ainda toca?
- Não, a dona Renati, quer dizer a Renati anda sem tempo para as coisas que gosta. Além disso, ela sente dores nas mãos.
- Ah... Se quiser retiro os convites para o recital? O que acha?
- Melhor não. Bom, tenho que ir e não quero mais tomar teu tempo. Até logo, querida. Desculpe o desabafo.
- Que isso seu Inocêncio é sempre bom te ouvir falar. Semana que vem o senhor me conta aquela história de quando encontrou o Jânio quadros e de como ficaram amigos? E de como era bom ouvir o português corretíssimo dele. Ou quem sabe aquela sobre o prédio do Dops. Eu contei que conheci a neta do Abreu Sodré? Nossa seu Inocêncio ela me contou coisas interessantes sobre a ditadura e sobre as circunstâncias da morte do pai. Ela é baiana.
- Não diga!!! Nós vivemos numa ditadura travestida de democracia, querida... Então vá lá... me conte...
...Sempre depois das conversas com seu Inocêncio o silêncio tinha cor. E o ânimo tomava conta da casa.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
antes de sempre.
de lua vermelha no céu
:silêncio:
de palavra
lembra
me-nos
o que não quero entender.
e deixa começos pela metade
e a sensação de fim em tudo.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
descobertas
As coisas continuam as mesmas desde a chuva de verão que destruiu o teto de vidro da biblioteca das sociais. E nós, alunos e professores, passamos horas retirando os livros numa brincadeira triste que parecia ação de ajuda humanitária retirando alimentos de caminhões para levar aos pobres e necessitados. Depois os meses de secagem. Todos os livros abertos e ventiladores ligados o que deixou a biblioteca fria. Nessa ocasião a graduação tinha o mesmo tom. E as aulas de etnologia indígena brasileira eram tão odiadas quanto as aulas de etnologia áfrica subsaara. E eu era freqüentadora assídua das duas tanto que virei piada. Quando perguntava: - por que não fui a esse lugar com vocês? o coro cruel de amig@s dizia: ‘ah..estava assistindo aula da Dominique, o totem do dep. de antropologia.’ Eu suspirava - Ai eu adoro a Dominique. Após leitura constatei: as professoras do dep de antropologia continuam com um gosto duvidoso para moda ‘faxion’. Os professores do dep. de política ainda são os maiores fura-greves da história acadêmica do mundo. E ainda existem disciplinas que não existem. E créditos fantasmas. Os ‘prof.dr.’ e os ‘pós-doc’ continuam odiando a graduação. A Maria Arminda, intrinsecamente falando, continua um luxo. a prof em questão era conhecida por Barbie Marx, e isso prejudicou minha formação acadêmica. como ser aluna da maior perua de sampa na disciplina mais séria e importante (para uma ultrapassada estudante de ciências socias) sociologia III - MARX - ai, contradição, pura... E o super ‘gabi cohn’ continua fazendo até eu me matricular em política clássica, eca!!!! – de hoje em diante esse é meu blog de auto-ajuda. enfim muita gente nova mas as mesmas ideias.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
cego:
para que ele saiba mais a luz
peço corpo de homem
morto
para as horas que me conduz.
lembro tarde de uma hora saudade
de quem nem sei,
revejo cruz.
leio vozes grafadas
no chão de terra
contrapeso (piso) de cascas que me impus
parecem limpas, lapidadas,
de horas aprendidas, sem quaresmas, finitas.
em penas que a lógica implica
na falta que resta para o fim de mais um dia.
tarda domingo tarde.
bem lento:
espero sem promessa
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
circulares
nas passagens de tempo
em mim.
círculos repousam na frágil manhã
de rituais subterrâneos, cotidianos,
jazidos de flores adormecidas
artefatos imprestáveis
produtos violados, recriados por gente
paralelas fronteiras de acasos
óbvios em mim.
talhados na aroeira
marca o ponto certo
sela o ponto cego
de cercas em mim
Pense o tempo em seu mistério
e fim.
traduzido em jogo livre
de palavras
que não alcança
os pés dos ponteiros marcados de hora
ajoelhados para ir embora
e para esquecer tudo o que tem começo e fim.
conforta-me o relógio em punho
a marcar minha vida de atrasos e adiantos
horas, oras, oras
maltratadas pelas tardes de domingo
de tédio
manso
a recriar horas, horas, horas, e(n)fim...
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Propriedade.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
empilhar palavras.
gela, suave
desenha, lábios
escorre, corpo
caminha, espera
(im)pele em mim
toca, tempo
contrários.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Te perdôo por te trair*
Eu não aceitei suas mentiras por vaidade. Não silenciei em mim a mágoa por vaidade. Abri mão da possibilidade de estar com você, por vaidade. Manipulei sua traição. Premeditei a sua mentira. Controlei seu pensamento. Cobrou horizontes em mim e me deu de presente meu limite, estancado, teu reverso ampliado. E a necessidade de controlar era maior, por vaidade. A possibilidade de amar sem prisões ficou a espera de um amor que não existiu. Porque não me pensou diferente, e nem eu a você, não acreditou que pudesse(mos) apreender outra maneira de amar. Ao não pensar seu limite em outro horizonte, refez para mim o meu, e eu igual. Pequenos: somos. E eu fugi, porque não sei se seria capaz de tanta liberdade – não saberia o que fazer dela. Não sei o que faria com o que mais desejo. Talvez fosse um desastre, sofreria (...) (re)pensar tudo isso desgastaria aquilo que gostaria de ser, e jamais serei por completo. Então a ânsia da possibilidade me faz melhor. Ficar a espera da perfeição me conforta, por enquanto (...)
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
não consigo destruir essa palavra,
não vejo horizonte para ela,
não enxergo com os meus olhos pequenos.
quando canso sinto a minha boca maior do que é. mas sei como ela é. então sentir não transforma a minha boca. minha nuca adormece e choro fácil, frágil e dolente. e me pergunto:
de quantos rios é feito um mar?
de quantas pedras um altar?
de quantos desvios uma estrada?
de quantos eus um você?
de quantas ausências um olhar?
não sei. sei.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Quanto mais distante daquilo que pensa ser, tão perto permanece da essência do ser. Ao aproximar do que pensa não ser, o ser se liberta. E recria-se arte. Quanto mais perto estamos do que devemos ser, mais prisioneiros da distância, da essência, do que somos. O vazio da manhã clara afugenta o inexato do dia.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
o corte da morte
a festa de porte
a fresta do dia.
notícias - transfiguram,
queimam com a leitura.
distraídas escolhas
atraso, durmo, desespero, trabalho: noturno.
a sala é fria e vazia.
o banheiro convida sem pudor
pra mais um dia.
livros dormem, coloridos,
na estante da margem do dia.
as mãos que furaram a parede oferecem com a boca seca de pinga
uma figura de
homem
e uma sensação de medo de esperar por mais um dia.
: lamenta :
os olhos esbugalhados e a alegria amarela do sorriso da menina...
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
(teus olhos vermelhos)
o cheiro da chuva no chão seco de pó.
lembranças, canelas, rapaduras, esperas, trivelas,
embaçam denso as cores que suam o ar
em fronteiras verticais
a chuva oleira tece sons
pingo por pingo d’água
no canto da coruja discreta
vizinha de janela.
dá arrepio
as portas fechadas dentro de mim
fechaduras, ferraduras, ossos presos a carne e sangue
represas de afetos, possíveis fetos
(anunciando o mundo em mim)
ciclos mensais, constâncias que distraem
odores, sabores, dores sazonais
e sem querer no meio do nada
sentir (...)
o caminho do líquido vermelho, tinta sangue,
(a desenhar desejo)
ao pintar a parede de casa
ao pingar no chão
ao sujar minha mão
enfim, ao escorrer de mim.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
barquinho de papel
um barco de papel
quase vira um chapéu
quando nas minhas mãos
o desfaço
em caminhos de muitos passos
navega em desacordo com o tempo e
dobra a forma em descompasso.
(rimas proibidas eu faço)
verbos de fronteiras que moldam
as dobras em compasso.
no chão frio da sala velha de casa
liquefaço na memória primavera
dobras duras
na alma de papel.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
e não entende nada
impõe:
seu amor; seu pensamento; seu querer.
como alguém que chega
e não entende nada
esquece dos outros nas horas
que alguém inventou
para esquecer de outros.
cumpre a sina
o medo
a raiva
sente na boca o doce amargo dos seus elos
sem vida,
com tanta vida.
sobre você
um eu
que não entendo.
(me lê para mim.)
depois conta com cuidado quem sou.
alguém que chega
e não entende nada.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
desenha para mim...
Era uma vez um lugar onde as mulheres apanhavam. Era um problema. Bom, agora, isto é (era) um problema. As mulheres que apanham não trabalham adequadamente, não tem uma vida social comum, não conseguem desempenhar com sutileza o papel de mãe, mulher, entre outros ...sem contar que muitas tentam o suicídio, além de re.produzir essa violência com os próprios filhos. Dizem que sofrer violência deste tipo transforma algo a respeito dos valores e sentimentos... Violência seria um meio não ‘civilizado’ de resolver um conflito. Ou melhor, quanto maior a dificuldade em legitimar um poder maior a violência empregada para (...). Assim... Os dirigentes do lugar reuniram-se para pensar o que fariam para melhor adequar essas mulheres em conformidade com uma vida social ‘normal’. Descobriu-se depois de muito estudo que já existia uma forma de fazer isso na cidade vizinha, lugar mais desenvolvido. Lá existia um lugar que ‘acolhia’ essas mulheres há algum tempo. Organizaram então uma comissão para cuidar de assuntos sobre as mulheres que apanham. Mas existia um problema. Essa comissão de mulheres que não ‘apanham’, aparentemente, e se organizaram para resolver os problemas de mulheres que apanham não chegava a um acordo. O principal problema era provar que as mulheres (apanham) precisavam de um local, seguro, discreto, aonde poderiam receber um tipo de atendimento e apoderar-se de uma situação para livrar-se de tudo o que não desejavam para si, mas antes precisavam descobrir o que não desejavam para si. Esse lugar, além de ser um lugar, (e não um fast-food para atender pobres com direitos violados) (ah... apanhar do marido é ter um direito básico violado, isso! essa mulher que apanha, apanha do marido... essa violência chama-se violência de gênero, porque assim ficou convencionado por um grupo de mulheres que pensam sobre isso, (...e eu não sei se elas apanham ou não): as acadêmicas feministas). Dizem que quando a violência está intrinsecamente ligada à construção de papéis sociais de gênero - ou melhor, ao discurso cultural sobre a diversidade sexual – acho que é isso (?) ou pelo menos até aqui é isso. Merece um tratamento diferente. Enfim... Voltando à cidade do início do texto. As mulheres que não apanham ao pesquisar um local propício na cidade, em um momento da busca encontraram um lugar interessante: um centro comunitário com ares privados. Destinado a casamentos, ops, aluguel para ‘festas de casamentos’. Um lugar agradabilíssimo, tons pastéis, tudo organizado, pessoas sorrindo, enfim o paraíso! Mas para garantir um local era necessário provar que existia uma demanda que justificasse tal lugar: uma clientela boa, ou, mulheres que apanhassem. Então essa comissão foi até aos bairros, escolheram os de maior pobreza, bom, tem muitas pobrezas no mundo, mas neste caso era material. Para conversar com mulheres e ouvir destas suas histórias relacionadas a violência. E assim, justificar um local para ‘receber’ e ‘resolver’ o problema desta(s) mulher(es) que apanha(m). Sujeito nada abstrato. A solução ainda não veio, talvez não venha, talvez venha. (... continuação...)
(Joana Maria, 10 anos, redação apresentada para sua professora de quarto ano - 2009
domingo, 30 de agosto de 2009
manto azul.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Léa dos meus afetos...
tocando em mim.
meu ouvido,
escuta
paciente, a música que bate
em ritmo que desconheço.
meu peito,
gela.
meu corpo,
treme.
é quase uma dança.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
tambor, menino
nome de um lírio qualquer
do jardim das dores
de barro e casas invadidas de ninguém,
lugar de guerra com o estado armado.
brota ideia de alma em flor
flores e tambores,
sem tristeza: adeus,
menina dos lírios
e do tambor, menino.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
cor de nada.
Nus pés descalços
Grudam sobras nos pontos vermelhos de sangue-dor.
somos rosas parks?
Que levanta a não vontade
Assentada
Uma, duas, três
Não mais que três
Vezes: e vê a morte.
das palavras trocadas da ordem
implícitas num banco de ônibus
Sem sentido
Comsentido
ou
mijamos torrencialmente o medo
embaixo do tapete vermelho
do nosso umbigo bege: cor de nada. (ou porra nenhuma)
suave
nas brechas o silêncio (das idéias)
faz um seu caminho próprio.
Compondo horizontes (in)visíveis
do que enxergo no instante.
pontos cegos:
de lógica
estreita
o meu olhar.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
parei.
ao andar aqui no meio dessa poeira,
senti o tempo passar.
olhei para você e vi a ausência.
os olhos parados
presos ao vazio
a alma em refluxo
viaja em busca de sentidos,
dói sair de mim.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
fotografar
prender a forma,
amarrar o corpo em
gestos impregnados de tempo.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
a paz reluzente de outro dia.
há alguém que pensa além de
mim. E eu, corpo,
espero:
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
jeito de pensar.
tentou dizer
falou mais que algumas palavras
não conseguiu sentido
a aparência de falta era clara
com a agitação.
sorri.
acalma falta.
disse em silêncio: sorriso belo.
digo em palavras
belo seu jeito de pensar.
sorriu, tranquilo.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Não consigo falar de amor.
ia
se pudesse
perto de você
estar.
amar até o fio
desconectar.
o nunca existe,
preso a ver.
amanhã: tal,
vez.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Etnopoética*
No receio da (des)esperança.
Corri dos anseios da espera ao
Misturar no mesmo lapso:
Pretérito e futuro
do presente, nascido nas horas distraídas do acaso.
limito-me a tempos de verbos existentes.
Num caminho já feito de horizonte vertical
Grito meu erro
escuro eco
E não há muro que não me escape
pois é nos vãos da prisão que encontramos as fronteiras da liberdade.
Poesia: exercício de pensar.
Desconstruir o breu da certeza.
Desregrar a alma...
*A primeira vez que ouvi este termo foi em um texto de antropologia, vale "a pena": O fétido odor da morte e os aromas da vida. Poética dos saberes e processo sensorial entre os Piaroa da bacia do Orinoco (Joanna Overing)
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
lembrete de geladeira.
Há pessoas que são objetos da produção.
Há livros que são queimados.
Há verdades que são inventadas para legitimar o poder pelo poder.
Há estratégias que são pensadas para que alguns não sejam ouvidos.
Há apelos que nunca serão ouvidos.
Há injustiça no mundo.
Há. (Porque estamos 'cegos humanos'. E temos medo de perder coisas através das quais significamos nossa mísera existência.)
Há pessoas que usam adequadamente a língua portuguesa.
Há realidades modificadas em nome da vaidade.
Há objetos que valem mais que seres humanos.
Há seres humanos que matam.
Há fome.
Há leis injustas.
Há pessoas que gritam e apontam seus dedos para justificar seus argumentos.
Então, há!
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
através dos olhos
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
objetos de brincar
era uma brincadeira fácil
:batíamos no eixo do pé e os grãos do chão re-colhíamos em saquinhos.
a idéia era vendê-los para comprar uma bola.
Com algodão é igual.
Ele não é branco na hora da colheita.
machuca os dedos numa mistura de suavidade e espinhos.
E galhos secos.
a saca é grande.
e tem pessoas que molham o algodão na hora da pesagem:
para ganhar mais o dia trabalhado, em arroba.
achava estranha essa história de enganar
um vigiava o outro.
sempre quem trabalha-trabalha para alguém.
e tem nas mãos instrumentos de resistência
que permitem ambíguos:
(des)caminhos.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Num lugar
Um artista foi convidado a representar a idéia de uma cidade. E faria disto um portal. Ele exagerou na não-cor e no não-símbolo, todos o julgaram. As mulheres não abriam mão da beleza comprada, exigiram esculturas mais magras. Os homens optaram por símbolos mais precisos que fossem capazes de narrar à história oficial com teares religiosos. O artista que por aqui não estava, pois recebia um prêmio em Paris, foi avisado que deveria voltar para as correções: uma cirurgia estética nos corpos, a tal lipoaspiração; e um tapa-buracos na história. A obra agora retrata a cidade. Retoques moldados pela necessidade do olhar. Inversão. Eu, particularmente, evito passar por lá. A sociedade debateu a questão em um jornal regional que não leio. Antes era um hábito visitar museus e exposições. Ligo isso ao período de faculdade, mas não somente, a proximidade com minha tia Fátima e os passeios que fazíamos juntas no centro de São Paulo foram essenciais para despertar meu interesse. Olhar apura o olhar. Hoje meu lugar é outro, a Rua Carioba e o bairro Monte Alegre fazem parte do meu roteiro, às vezes caminho por lá. Gosto ainda de admirar-observar obras de arte em catálogos de banca de jornal 'em promoção’ que trazem algumas imagens. Descobri “Klimt” em uma banca de jornal. Heresia artística. Mas das visitas feitas aos museus ficaram imagens presas dentro de mim, das que vi com todos os sentidos, ligadas ao espaço das ex-posições, produzindo uma linha seqüencial de olhar, imposições. Dalí na entrada ao lado de Andy Warhol abrindo um corredor que terminaria com ‘O grito’ de Munch, todas separadas fragilmente por uma parede falsa. Dispostas geograficamente sem-arte em feiras de cultura. As esculturas do Rodin estão pichadas e misturadas na minha memória por inscrições encontradas no muro ao lado da pinacoteca. São apelos, poesias, rabiscos, desenhos, enfeites prosaicos lidos nas seis horas de fila garoa na sala de espera de arte, profanada. Imagino morar ‘num lugar’ aonde os olhos aspirem arte. E não lipoaspirem.
O amor reside nas fendas do pensamento: inútil. E pronto. Mas desconhece destino. Porque todos os horizontes me parecem iguais. O que mudo, muda, é o olhar. Um odor no ar acompanha uma estética desavisada de uma beleza vendida. De fácil compra e preço fragilmente alto. Com valor a pensar. Os olhos embaçam com a chuva lá fora um caminho que me passa frio. Amor. Há sujeira por todos os lados da rua. Buracos inundados de gente que se esqueceu no chão. Nenhum igual. Mas todos em mim. O eu perdido em outros. Desconexas palavras em desacordos de vontades. Somente certezas autoritárias a impedir clarões de pensamento. E o amor, na inutilidade da sua existência, continua nos interstícios da vida a ligar caminhos.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Espelho
Cria imagens que não entendo
De vozes roucas sem sentido que cantam músicas iguais
no mesmo tom.
Sempre.
do meu ouvido vinil riscado, sae notas musicais: desenhos coloridos.
escorrem como num ralo (a)o vazio,
pedaços de músicas que você canta para alguém.
Ouço não vejo. mas a cor e a forma são claras.
Quando olho para você,
sinto o escurecer do seu olhar triste, doce de mel,
Um realejo toca o começo de uma rima qualquer para te ler à sorte certa.
Mas você não existe.
Desdobra o ser em nenhum.
Como um restaurador, sem as mãos do gênio, a arrancar as cascas
Retintadas.
Por cima da obra, simples que amo, de arte.
domingo, 26 de julho de 2009
Cê.
Tô com toc, amor...
Toque e me rele, por favor.
"engraçadinha".
quinta-feira, 23 de julho de 2009
+
Eu ando tão sem dentro.
E o fora parece passagem. Aragem.
Agora isso me faz lembrar pastagens.
E mudo de rumo. Lembro do dia que cortei meu joelho em um caco de vidro, quando ao ajoelhar na grama, do pasto, senti dor e vi meu sangue. O céu tão azul e as nuvens brancas, borradas do vermelho aparecem misturados na minha cabeça de lembrar. Muitas cores, paragens. O lugar declinava e no meio um riozinho tímido, córrego de alguém. Era proibido e de existir tirava o sono. As árvores de dentro, pomar, eram de outro sabor, íntimas, fáceis de subir. Poncã, cheiro bom. Goiaba, textura macia. Jabuticaba, árvore acessível aos pés. Manga, proibida. Casa grande com algo a não compartilhar. Cerca arame separa os quintais das casas brancas que dividiam a colheita, colônia. A brincadeira era ficar na larga e passar de uma casa a outra em bando. Os meninos cuidavam dos obstáculos. Eu era a menina da cidade. E do bambuzal, som. Num bueiro de terra clara e grãos soltos todos deitados cansados inventando histórias de terror, antes do sol se pôr. Sujos e famintos o banho e a cama eram a oração final: amém.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
(musgo)
Alguém a pensar-sentir
Exposto interior.
Fratura além do osso
o sangue que quente
a carne gela.
Se-mente em constante inconstância
Diferente mente
Cada um vale
O vale que pesa
No corpo que cai.
Ponto, cego.
Enxergo além da sílaba: o som
(antes de existir a música)
Essências em símbolos
Grafados por gestos
Sentidos 5x ao infinito
Medidos no eu-do-outro.
Justapostos: Res-peito, cor-ação.
terça-feira, 21 de julho de 2009
sono
parte insônia sonho
parte sono penso
meu medo impensável
greve do óbvio
no frio dos ossos
na carne
que treme quente de ócio.
choro coro moro
morro
saudade.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
20/07/1999
no só nosso silêncio
de fábricas de sonhos de argila
sob um céu dolor
amanhecer
:tricotar pedaços de nuvens aprendiz
entrelaços de peixinhos
com lãs coloridas
saudade do passarinho frágil
que nos ensinou a despedida
e no fim de tarde:
observar aviões desenhados de vontades
brincar de não ser, e
ser o que somos sem medo.
amar do tamanho do céu
quantas vezes?
quatrocentas trilhões quadrilhões de vezes...
domingo, 19 de julho de 2009
amor
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Sê
Para comer as horas
Fartos: morremos de fome.
No outono da busca
a Solidão é desejo
De conter-se em alguém
Absorver o ser
Não existir
Senão inteiro e impossível
na delicadeza da vontade
presa-arisca-sutil
Da incompletude plena
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Cela ou sela
dicionário
s. m.
1. Colecção!Coleção alfabeticamente disposta das palavras de uma língua ou de qualquer ramo do saber humano, seguidas da sua significação ou da sua tradução numa outra língua.
Dicionário vivo: pessoa erudita.(visão...estreita)
erro (ê) s. m. 1. Acto!Ato de errar. 2. Inexactidão!Inexatidão. 3. Apartamento, desvio do bom caminho. 4. Engano. 5. Desacerto. 6. incorrecção!incorreção. 7. Pecado, ilusão. (católico de+)
sexta-feira, 10 de julho de 2009
quinta-feira, 9 de julho de 2009
dente de leão
Sangra e dói.
Por que aperta a minha ferida?
Sangra e dói.
Por que aperta minha ferida?
Sangra e dói.
Por que aperta minha ferida?
Sangra e dói.
As pálpebras escuras
incham vermelhas
carregam as vistas
Por que aperto a minha ferida?
Sangro
Dor.
Os nervos me doem
meu corpo me avisa
eu existo.
Não sou líquido
não sou ar
sou vísceras.
bem-me-quer, mal-me-quer...
quarta-feira, 8 de julho de 2009
vestes
Medida do meu
medita a mim
Soou a medida além
até mim
no eu do eu
semmim
doeu
sem mim
Jasmim
Jaz mim
Sou, suou sim.
ode você que enxerga
enxerta - enchera -
a mim
sem ti.
terça-feira, 7 de julho de 2009
Cirandar
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Dançar
Não sei por quê.
sexta-feira, 3 de julho de 2009
cheiro
A noite apagou a dura pena
da melancolia.
Regresso ao amanhã
de um ontem futuro.
presente no som do entardecer.
de uma manhã crepúsculo.
Dá para acontecer qualquer coisa com o que (des)construí.
Viver é bom
morrer é para poucos.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
pensamento
terça-feira, 30 de junho de 2009
retalhos
sexta-feira, 26 de junho de 2009
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Era uma vez...
Meu pai desenhava pássaros,
Os pássaros que eu pedia,
Mas seu filho não mais pede
Os pássaros de outos dias!
Meu pai não mais é
O mesmo pai de tantos dias,
E seu filho, sem fé,
Já não traz mais alegria!
Não há imagem, não há voz
Meu pai procura pela sala,
Procura filho que se cala
Entre tantas sepulturas,O filho ora, procura qual a sua,chora por deixá-lo a sós..."Chico
Era uma vez um amigo que todo dia me entregava uma poesia. Durante quatro anos isso ele fazia. Eu lia conversávamos sobre as minhas dúvidas e rebeldias pois eu não as escrevia. Guardava sempre no meio do livro/caderno da hora. Hoje em um baú de amarelados papéis... são meus alimentos, tracinha que sou... sodade do cê, bandono meu!!
domingo, 21 de junho de 2009
taquara-branca
lembram passagens da minha vida
do cão que late alto dentro de mim
sinto o cheiro da terra poeir(r)*ão
quando o j(g)i(ee)pe passa num carreirão
lembrando a minha solidão
sinto
os carreadores da minha vida
em que me dei inteira
(resíduos de gente ácida em mim)
durmo
as brincadeiras de criança
divididas em meninos e meninas
as estórias que contavam
de sapos que amedrontavam
os terreirões estrelados
da lua amarelada
do céu interior...
*Maria José, minha mãe, o tempo me ensinou a errar... ainda que tenha produzido 'corretores de textos' - não me adapto àquele vermelhinho que pinta o chão da palavra, continuo a preferir você.