Vestido bordo. No meio da rua ao lado da caçamba. Entulhos. Servindo para o concerto. Corpo parado ao lado da menina de bordo. De frente agora. Um barulho de portinhola abrindo, demorando, aquele som, que nos conta que falta óleo e toca uma música doida. Ou doída!E desafinada. Concentrada. Seus movimentos atenciosos, no peito, ferrugem pálida. Tira dali coloca aqui. Refaz, remexendo na máquina. Triste, olha-a. Antes de fazer consertos ela dormia. O sono era o motivo da sua existência. O dia, as horas, as pessoas, esperava por sono. (Agora tirou da cabeça uma rima, branqueou, e lembrou do tempo que tudo se organizava a partir da hora de dormir.) Depois que arrumou este trabalho de transformar sucatas [em sonhos] não teve mais tempo de dormir o dia no seu corpo noturno. Retornou atenta, bem ali no peito, sorriu. E ele também. Ligados por um fio, o que abria aqui, transformava lá.
domingo, 16 de maio de 2010
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eu não sonhei, sonhei.