quarta-feira, 10 de março de 2010

Fragmentos de um Eclipse
Meu objetivo: vencer a gravidade. Vencer a espécie. A mesma luta pelo oposto. A fala travada. O mundo trancado. As pessoas do lado de fora. A solidão como companhia. O isolamento. A vida como eu quiser. A palavra não interrompida. A barba descuidada. O corpo tenso. A escrita sem fim. A loucura explícita. O desprezo constante. Meu mundo inexistente. A vida perdida num cigarro. Meu olhar alheio. Todos os mundos além. A leitura invariável. A vitória desdenhada. Minha caneta encantada. A língua que não se move. A embriaguez da alma. Um olhar de relance. Os códigos indecifráveis. eu me negando a levantar. Eu errado. Eu absurdo. Eu longe de tudo que é humano. Eu distante. Eu atacado. Tão distante. Eu, afim, sem fim, sem parar. Eu vômito ininterrupto. Na consciência do corpo. Descobrindo o segredo, revelando minha escrita. Enfim como meu dono. Surreal. Que algo dê certo. Escritor por azar. Aparecendo, sumindo. Sem ouvir. Sem sair, indo. Na contradição. Buscando luz. A verdade como fim, a luz como meio, a ciência como arrogância. O saber irreparável. Nada ouço, nada quero ouvir. Meu dedo sem parar. Não te amo mais. Não te amo mais. Eu acho sua voz linda. Acho-me feio. Ele não me vê, ela repete-se, repete-se, repete-se...Sem parar um instante. A todo vapor. O homem enquanto sujeito, eu sem falar. Eu destrocado. A filosofia uma bosta. A biologia legalzinha, a piscicologia metida demais para meu gosto. Eu tomado pelo gênio. O professor repete-se, repete-se, repete-se...sem fim. Eu sei o que ele fala, tão distante. O ouço dentro de mim. Mas não o vejo. As janelas estão abertas. Aristóteles era gente boa, e eu não presto. Eu só era diferente porque era igual. Eu sem meu eu. A mulher me deixou, o amor que eu achei que era da minha vida me trocou por um bossal. O que posso fazer? Só sofro. Eu não ouço nada. Estava perdido. Ele usava tênis allstar, bermuda jeans, mochila azul, camisa rocha.
Eu não paro, escrevo sem parar, a bolsa caiu, eu não vi, alguém me olhava. Não usei drogas, não usei nada. Vi tudo que era importante. Não vi besteira. Comi duas coxinhas inteirinhas, suco de laranja acho que natural. Como pode aquele cara falar tanta asneira? Sexo, sexo, sexo...só penso em sexo. Eu no corpo dela, eu encima dela, só, era tudo que eu queria. Palavras velhas, homens novos. Sermões, sermões, sermões. Eu jovem, burro. Não ouço nada. (Palavrão). (Outro). (Mais um). Vontade de beber. Eu não me conheço nem um pouco. Agora me entendo. E nada existe. As pessoas e eu, claro, estamo cegas. Edmar é gente boa. Tenho que ligar, minha mãe está esquecida. Tão longe. Tudo longe. Eu num pedestal; que me olhem, que me olhem, olhem, olhem. (Palavrão). (Palavra). O bocejo veio, fiquei idiota. O que ele tanto escreve? O que farei neste mundo cão? Quem seria eu se não fosse eu? Palavras enferrujadas, velhas, velhas, velhas...Não paro um instante. Fome, fome, fome de javalis, queijos grandes, refris, refris. Onde está Descartes no mundo Coca-Cola? Eu me importo, ora bolas. O nariz dele é imenso. Fechar a primeira gaveta. Minhas palavras perdidas em alguma cachola. Palavras, palavras. Vontade de mijar. Eu te mato! Meu corpo torceu-se: penso em Dani, vontade de dani-se. Quero dar-lhe o que ela nem precisa. Não posso amá-la sem ódio. Cruel eu sou. Sair correndo daqui, sem nunca paraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar. “Solidão ontológica”. Não posso parar, não posso parar. Que narigão o dele. Queria rir. Não faz frio (idiota). Isso pode ser um livro, eu não paro. Filosofia pra que? Matei a Jéssica, eu sozinho. Eu morrendo, a tinta que acaba. A ditadura matando. Ninguém me tocaria. Minha cabeça toda pesada. Saber-se é, isso mesmo, saber-se é, bocejo, bocejo, bocejo. Não pare! Siga” Don`t stop”! Ele acha que sabe, narigão o dele. Preciso mijar. Sair porra aí. Sem chegar a lugar algum. Qual é meu papel? Até parece que havia papel, acabou. Ele não sabe. O vento vira a folha. Há lixos, amanhã é dia 10, quarta-feira, só deus não sabe. Meu corpo vivo por si. Ouvi um voz. Eu dou show, dou um show, há uma platéia! Parei um instante. O que ele escreve? O vento vira a folha. Ninguém me virá? Não leia isso (palavrão: porra!). Me esqueça: vou me tirar da sua cabeça! (exclamação). Meu olho para baixo. Minha vida sem depósito. Minha ideia sem repouso. Não era pra ela me ver. Se ela vir não cederei, não cederei, ora bolas, sou homem com vários sacos de pipoca. (Isso não escrevo, nem tudo). Filosofia: nunca deixará de ser método. Estamos fudidos, eu, você e seu vizinho. O mundo acaba amanhã, às 18h, em Minas Gerais, num grotão. Ligue os fatos, Felipe. Saia agora. De repente, bem de repente. Eu vi: a escrita é inesgotável. Vozes na minha cabeça. Minha voz incomum. Ela não parava. E olhe que não falo nada. Neguei-me aelas. Quero uma mulher pra conversar e fazer amor, no stress. Cada um para o seu lado. Estou chato. Eu jamais olharia parara alguém, não me permito o olho. Estamos perdidos sem leis. Há coisas sobrando aqui: um braço, uma perna, dedos, dentes, olhos, orelhas, quem quer? quem vai querer? Talvez que seja hoje finalmente o dia em que tudo termine, talvez o hoje não espere o amanhã. A escrita é infinita. Será que um dia tudo sera escrito. Não vai sobrar nenhuma palavra para mim. Ela deveria me anular. O machismo está vivo. Uma mulher ferrou minha vida, femmele fatale. Ela me queria como prêmio. Isto é escrever. Isto é minha loucura. Teve um dia – Hum?. Teve um dia em que não quis dormir. Eu em transe público. Nunca ganhei. Meu prêmio vem por derrotas. Ele repete-se, repete-se, repete-se...sempre coisas antigas. As mesmas palavras em bocas diferentes. Não olhe para o que esvrevo, viadinho!As mesmas palavras em bocas diferentes. Será que ele viu? Fungindo de mim, eis a única solução, tem fé, irmão. Sou um autista. Veja meu braço cabeludo. Vou dormir encima da caneta. Não olhe para mim dessa seu lugar imundo. Agora! Tive um ataque epilético! Só ela fala! É possível o desisteresse, Dani? Não, será tão fácil assim. Era tão engraçado o jeitão dela, saias imensas, cabendo o mundo. Ela já se foi. Eu não deveria estar aqui. A palavra rodou. O capitalismo é o fim do mundo. E qual o mal disso, o mundo vai acabar, com certeza. Agora fala uma novidade. Todas as palavras dele me revelaram. Talvez que escrever seja simplesmente não pensar. Ela só busca motivos para se justificar. O que eu posso falar para alguém? Eu que não acredito em nada, me calo, meucalo. Minha palavra surgiu como que por encanto, quase descartável
F.

Um comentário:

  1. eu li e quis dizer muitas coisas e não soube
    e por ser tanto escrevi, escrevi, escrevi e me remeti à muitas coisas...
    depois voce lê lá.
    beijo.

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eu não sonhei, sonhei.