(frida)
Saí com uma flor no meu peito. Alaranjada. Com pétalas de seda entrecortadas por pétalas de um tecido fino que tem um alaranjado mais claro. É uma rosa, um broche. Fiquei indecisa na frente do espelho. Resolvi pelo pingente da Frida com cordão bordo. Retornei à rosa, a Frida me deu forças. Fiz um caminho, distraída, como sempre. E me esqueci das cores em mim. As peças, calça, blusa, bem sóbrias como de costume. Vez ou outra, de relance, me via no espelho coletivo de passagem. E a cor do broche me chamava atenção. Será que sou eu? A cor nubla a minha imagem. Não, não era eu. Nas últimas comemorações, do oito de março, além das rodas de conversa, a proposta foi falar de moda, maquiagem, enfim. Reluto sobre esses itens, temas. Mas participo como qualquer outro. E confesso me faz pensar tanto mais quanto outros. A última falou da maquiagem, meu deus como é difícil permanecer atualizada nas tendências de formas e cores. E como nos inscrevemos nas escolhas delas. Pintamos nosso rosto pra guerra, e talhamos uma espera moldada. Comum. Eu não quero ressaltar nada em mim. Nem as bochechas. Nem a boca. Nem meu colo. Não quero ser de outra cor. De que forma tantas formas nos farão olhar no espelho. Enxergar. O sutiã. Ai, o sutiã, como a maquiagem é uma escolha importante dentro do quadro que estamos pintando de nós. As imagens. Nossa imagem. no lugar deles os lenços. E os lenços... Adoro lenços coloridos. Descobri que fiz uma coleção deles, e no último sábado aprendi a usá-los. Atar nós. Vocês não sabem a combinação de nós, que um lenço simples, das lojas Marisa, é capaz. Ah, os assessórios. Como mudam tudo. E dão liberdade de criação, claro que obedecendo algumas regras básicas. Eu não tenho ninguém, às vezes choro por isso, às vezes me alegro. A solidão é um espaço entre o espelho e a rosa alaranjada. As minhas miudezas. Aquilo que não transcende. Do que me ocupo pela manhã na frente do espelho. Minhas sombras. Ainda não fui capaz de escolher as cores ímpares das minhas sombras. Traçar minhas pálpebras escuras. O incompleto se ocupa de assessórios, e a minha olheira de hoje, da última noite mal dormida, se mistura com a cor marrom das minhas pálpebras. os meus olhos ardem. e o incompleto inventa assessórios para que eu possa sonhar...
enquanto eu lia, me identificava e também me questionava. nem tanto lá, nem tanto cá. devemos cuidar de nós mesmas com carinho. nos enfeitar e colorir, sim porquê não? precisamos nos sentir bonitas para nós mesmas.
ResponderExcluirbeijos
Vou te dar um lenço...
ResponderExcluirPalavras simples representam a verdade! Lindo rss
ResponderExcluirjá divulguei esse texto.é lindo!
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