Ela abriu as pernas
Ele olhou bem pra ela e nasceu. Ainda sente falta do tempo em que não existia. Por ora ele era tão ela que existir era uma doença que tinha nome e começava bem ali no meio daquelas pernas. E como se abriam. No contragosto do toco entrava inteiro no parto da vida. E ela obrigava, insistia. E tacava pra dentro todo o mal que ao redor a envolvia. Lamento, choro, repulsa. A mulher que apanhava toda noite e voltava pro abrigo foi encaminhada pro consulado,. Agora ele quer casar. Está procurando casa para morar. E ela de mente triste, doente, demente, passa os dias no sanatório da cidade que precisa de um número, contam com ela. De novo algo depende dela para existir. Ninguém entende o que eles vivem ninguém entende por qual razão ela está aqui todos duvidam dos dois. Acontece que de manhã o olho machucado forma círculos marcas de cor. E os tons vão clareando com o tempo que anda pra trás no jeito de sarar. Ela por ser estrangeira depende dele, e dizem que é louca também. O que faz com que ele decida vida e morte. E espera. “Faz com quê”, ninguém contesta. Têm medo dizem que ela amanhecerá com um corte bem feito na garganta, profundeza na superfície da pele. Porque ele tem uma camada fina de educação que empoeira os que cercam. E nunca, nunca perde o bom tom. É o gigolô dela. Anda tão fora de moda esse termo, gi-go-lô! Os gigolôs são sujeitos engraçados, igual patrão. Entre um gigolô e um patrão, truco.
Seis. Seis horas é hora da ave Maria,. Oremos todos pelos pecados do mundo, então.
Nove. Nove horas o portão rangeu misteriosamente ela fugiu e ainda está no meio de nós. Deitada em alguma cama ao lado de algum senhor.
Fim.
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eu não sonhei, sonhei.