quinta-feira, 2 de abril de 2009

(trans)lúcido*

Olhares "des"temidos

O que pretende você com o meu amor? Minha cura, meu nascimento. E quem cuidará da sua cura? O amor verdadeiro cura, e, este não pré-entende nada. Não tem pretensões. Sem pré-intenções. É vazio de noções. Prenhe de soluções... Óbvio de mais.


"Moça à Janela" Salvador Dalí



Um dia sonhei que tudo fazia sentido. As palavras, as pessoas, os gestos, os lugares, os acontecimentos. O mundo era um livro inteligível, bastava olhá-lo com cuidado... da minha janela e as respostas sem perguntas, brotariam. Pessoas passavam, cruzavam, falavam e assim construíam frases inteiras compreensíveis: sem ponto, sem vírgula. Eu entendia o que lia. Aliás, a cegueira era entender o labirinto de significados. O rádio me respondia, a música me conduzia. O eu era você e o você era eu. Espelho. O mundo devolvia-me inteira, ai, que repulsa.

*Diz-se dos corpos que deixam passar a luz, mas através dos quais não se vêem os objectos com nitidez.

2 comentários:

  1. simples evvabril 16, 2009

    O que dizer diante de tamanha delicadeza e verdade?
    As vezes, pensar demais faz isso conosco...

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  2. Adooooooooooooooooooorei, queria eu viver em um mundo tão intelígivel assim... (LRBueno)

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eu não sonhei, sonhei.