quinta-feira, 9 de abril de 2009

(Amor)al

Simone de Beauvoir, Nelson Algren

Rascunho:
Outro dia ao ler um artigo deparei-me com dois conceitos: amores contingentes e amores necessários. Isto organizou meu pensamento para entender aquilo que conhecia como “amor livre”. Declarar-se, em pacto, “livre” é algo bem moderno, isso que fez Simone de Beauvoir e Sartre, constituíram uma relação de amor nada convencional para as regras culturais da época, estabeleceram uma relação a mais de dois, muito além da monogamia. Pré-estabeleceram uma forma de amar a partir do amor que sentiam. Nos textos que li sobre esse assunto a imagem dela fica entre a libertária e a ciumenta, sim, dizem que ardia de ciúme, conheceu uma forma de amar diferente, e, aceitou uma forma de amar que lhe convinha. A imagem dele fica entre alguém que propôs algo diferente, que subvertia as regras sócio-culturais sobre o amor, divino amor, ou mesmo como um incorrigível frequentador de prostíbulos... Muito provavelmente este olhar tem muitos filtros. Olhar algo é sempre modificá-lo, interpretá-lo, restringi-lo ou ampliá-lo... Impossível permanecer “puro”. E fazemos tudo isso a partir do que somos. E somos porque estamos mergulhados em um mundo que nos têm e nos molda a sua imagem e semelhança.Mas adoro teorias sobre o amor. Principalmente aquela que insiste em dizer ser impossível teorizar sobre o Amor.A maravilhosa Rita Lee canta... “Amor é pensamento/Teorema/ Amor é novela/ Sexo é cinema...”Eu gosto do amor silencioso, aquele que não se declara em pacto algum. Porque de tanto amor (não sei por quê??) sou capaz de aceitar os amores contingentes, e em silêncio, não porque convencionou-se abertamente (Sartre/Simone), ou até mesmo porque ditou-nos a moral e os bons costumes (qualquer casal da esquina), mas antes de tudo porque amo o que de mim há em você, e, assim sou capaz de amar você que não há em mim. Os amores necessários são inevitavelmente contingentes. E, os amores contingentes são necessariamente inevitáveis.



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eu não sonhei, sonhei.