terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

desculpe, eu te faltei sábado. não suporto a grama irregular do pátio do hospital psiquiátrico. e as cores daquelas bolsinhas coloridas que lembram embornal, atravessados nos homens, balançando quando descem a  rampa. acho que eles parecem meninos assim.  me senti mal vendo os olhos batidos de sangue daquele rapaz. também aquele homem beijando aquela mulher no escondido da lavanderia, sem dentes.

sou frágil, Ana.

aquela porta azul de ferro que se fecha quando o tempo acaba me alivia. volto pra casa e tenho ideias sobre o futuro, minha vida.

quero esquecer a loucura que ronda
quero estar no mundo
ouvir tudo como é
enxergar
ser mãe do meu filho.

ah, a propósito, Ela é linda. o sorriso mais largo que vi nos últimos tempos

(...) mas  a  médica disse: não há internação "pura".

penso em ter mais flores por aqui. bem próximo à janela. ainda que bata pouco sol. quando penso isso sinto o mesmo algo que não sei explicar, vem imagens, não palavras, e palavras que não absorvem as imagens.
sinto, de  quando esperava na fila pra te vistar. quando conversei com uma mãe, na fila, a certeza do inexorável, um suave inexorável que  não sei dizer.

Um comentário:

  1. Precisamos de mais olhares ..olhar para as Anas dentro e fora de nós. O amor existe, és loucura.

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eu não sonhei, sonhei.