Aprendizado ou a viagem ao centro da terra.
[Transalucinação de trechos da prosa de Alejandra Pizarnik]
A. pegou o pote onde estava escrito:
“Beba-me e verás coisas cujo nome não sonha o silêncio”.
A linguagem é um vácuo onde nenhum objeto parece ter sido tocado por mãos humanas.
Falo com a voz atrás da voz e com os mágicos sons da língua encantada.
Embriaga-me a luz que transforma minhas palavras em um esplêndido castelo de papel.
Permito-me visões e figuras pressentidas segundo os temores e os desejos do momento.
Sobrevoa-me a morte. Busco a saída.
Volto a mim e vejo uma dor que não acaba.
Luz estranha a todos nós. Em mim, tudo se diz com sua sombra.
Azul é meu nome.
Sou capaz de morrer por uma palavra mal pronunciada.
Os sofrimentos me dispensam de dar explicações.
Já não significa para mim a língua que herdei dos estrangeiros.
Sei bem que minha ferida não deixará de coincidir com a de alguma “supliciada”, que um dia me lerá com fervor por eu ter deixado de dizer que não tinha nada a dizer.
Eu falo a partir de mim.
Para sempre em meu ombro direito dois êxtases poéticos
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Adriana Versiani dos Anjos.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
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eu não sonhei, sonhei.