quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

se não te ouvisse no absoluto,
como conheceria a não-palavra?
se pela manhã não mergulhasse o silêncio nos meus ouvidos
não seria poema
se não me fizesse escrever em terceira pessoa
deitado entre minhas pernas
como me saberia alma?

e quando diz-me:

... “a amo no fluido imperceptível
naquilo que aqueço quando toco os meus dedos
na sensação que desaparece no retorno da lágrima
para dentro da pupila
na comparação ( comparação?)
entre o que me movimenta
e o que me faz esquecer que sou matéria”

resta-me um “sim-azul”

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

a brisa a acordava. dizendo que o movimento das folhas inexiste.

e tocava as notas musicais que só conheço o som.

o som se esparramava nos vãos de uma casa cor-de-rosa.

nos sentidos, reconheceu os passos de um homem.

um homem que toca piano

... [que não toca piano]

na lembrança do som

nos ouvidos à brisa.